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HOMENAGEM

Elizabeth Teixeira, histórica líder camponesa paraibana, completa 100 anos

Festival que celebra centenário vai até este sábado (15)

Publicado em: 13/02/2025 20:40

 (Foto: Divulgação/Carambola Filme)
Foto: Divulgação/Carambola Filme
Elizabeth Teixeira, histórica líder camponesa paraibana, celebra 100 anos de vida nesta quinta-feira (13) e será homenageada no Festival da Memória Camponesa. O evento está marcado para começar hoje e segue até o próximo sábado (15) no município de Sapé, na Paraíba. Ela foi companheira de João Pedro Teixeira, símbolo de resistência da luta no campo e fundador da Primeira Liga Camponesa da Paraíba, organização criada nos anos 1950 para defender os direitos dos trabalhadores do campo.

O diretor de cinema Eduardo Coutinho, já falecido, um dos mais renomados do Brasil e conhecido por filmes como Edifício Master e Jogo de Cena, mostrou a história da família Teixeira, no filme Cabra marcado para morrer, de 1984. 

João Pedro era jurado de morte por latifundiários da região, situação que se consumou em Sapé (PB), em 1962, e o diretor de cinema desejava retratar. Agentes da repressão, contudo, cercaram a locação e ordenaram a interrupção das filmagens, que foram reiniciadas somente 17 anos depois.

O ano era 1964, quando os militares deram um golpe de Estado, instalando a ditadura que duraria 21 anos, e o set de filmagem era a violenta zona rural do Brasil, que até hoje ostenta índices assustadores, como denuncia anualmente a Comissão Pastoral da Terra (CPT). Coutinho tinha começado a captar imagens em Engenho Galileia (PE), município a 50 quilômetros do Recife, dois anos depois do assassinato de João Pedro Teixeira, quando foi proibido de continuar. 

No período da retomada, já em 1981, Elizabeth vivia com outra identidade, para se proteger, em uma cidade no interior da Bahia, longe de nove de seus dez filhos. Cada um deles se escondeu em um canto do país. Elizabeth tinha se tornado Marta Maria da Costa e dava aulas. Descobrir seu paradeiro, inclusive, não foi tarefa fácil para Coutinho.

A segunda parte do longa-metragem abre mais o microfone para Elizabeth, que narra como foi passar os dias na clandestinidade. Cabra marcado para morrer já figurou em diversas listas especializadas da área. Em 2015, ocupou o 4º lugar da relação dos 100 filmes mais importantes da cinematografia nacional, da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine).

Eduardo Coutinho também prolongou o contato com a história dos Teixeira e, em 2013, gravou o média-metragem A família de Elizabeth Teixeira.