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Áreas com maior biodiversidade marinha ainda estão desprotegidas no Nordeste, mostra estudo

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Peixe balão de espinhos (Diodon holocanthus)
Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Instituto de Pesquisa da França (IRD) identificou ao longo da costa do Nordeste algumas características de ambientes com grande biodiversidade que não fazem parte das áreas marinhas protegidas. 

O estudo mostra que as áreas que apresentaram os maiores valores de riqueza e diversidade de peixes, apresentando o maior número de espécies classificadas raras, são com base arenosa como rochas, corais e esponjas e estão situados, principalmente, entre 30 e 60 metros de profundidade no litoral Sul de Pernambuco e norte de Alagoas.

Conhecer a variedade de espécies de seres vivos de uma região é fundamental para entender quais áreas são prioritárias para ações de conservação do meio ambiente.  “Esses habitats precisam de proteção porque são frágeis e sofrem diversas ameaças causadas pela poluição e mudanças climáticas. Além disso, são a ‘casa’ de várias espécies que ajudam na construção dos ecossistemas, abastecimento da pesca e turismo costeiro” explica o engenheiro de pesca Leandro Nolé, um dos autores do estudo.

Uma das alternativas para a proteção das áreas tidas como fundamentais para a biodiversidade do país é a da criação de unidades de conservação com um plano de manejo elaborado por cientistas, políticos e outras comunidades envolvidas, como pescadores, para conciliar a proteção ambiental como o desenvolvimento social e econômico. 

“Essas regiões são importantes para o funcionamento do ecossistema marinho e sobrevivência de inúmeras espécies. Proteger essas regiões é defender também a segurança alimentar de centenas de famílias que dependem da pesca e turismo. Além disso, ajuda a garantir as inúmeras contribuições fornecidas pelos ecossistemas, como purificação da água, regulação climática, e produção de matéria prima para medicamentos”, ressalta o especialista.

Os dados da pesquisa foram obtidos através de arrasto de fundo e imagens de vídeo subaquáticas: primeiro utilizando uma câmera na rede para capturar as imagens e depois combinando as informações dos peixes coletados nas redes com os habitats identificados.

O estudo “Identifying key habitat and spatial patterns of fish biodiversity in the tropical Brazilian continental shelf” foi realizado pesquisadores do projeto ABRAÇOS, em uma colaboração entre a UFPE, UFRPE, e IRD no laboratório Tapioca, foi publicado na revista Continental Shelf Research.