{{channel}}
Brasileira está entre as 10 cientistas mais influentes de 2016
Pesquisadora da Fiocruz de Pernambuco é escolhida pela renomada revista Nature em razão do inédito trabalho que associa o zika à microcefalia em fetos

O júri destacou o ineditismo do trabalho, afirmando que Turchi apresentou provas suficientes da associação entre a infecção pelo vírus, até então um quase ilustre desconhecido da medicina, e a síndrome neurológica que desafiou o país, quando os primeiros bebês com microcefalia começaram a nascer no Nordeste brasileiro. A médica fez questão de dizer que o trabalho não foi apenas dela. “Estou grata e entendo que esse foi o reconhecimento de um trabalho coletivo, não só de nós pesquisadores, mas de todos os profissionais de saúde envolvidos. Foi fruto também da oportunidade de poder contar com grupos experientes e qualificados de laboratório, clínica, neurologia, com apoio da instituição”, disse.
“Celina Turchi é daquelas cientistas que pesquisam a urgência da vida em países tropicais. Fez uma guinada de outros temas esquecidos pela ciência mundial, como hanseníase, para o zika”, afirma a pesquisadora Debora Diniz, autora do livro Zika: do sertão nordestino à ameaça global, em que faz uma retrospectiva da descoberta da doença no país. “O reconhecimento é mais do que merecido e diz respeito a todas nós, mulheres brasileiras: é a ciência mundial reconhecendo que a epidemia do zika é urgente para a saúde pública global”, avalia.
A lista dos pesquisadores que fizeram a diferença em 2016 é extensa (veja quadro). “Ela destaca cientistas de todo o mundo que colocaram sua marca em campos que vão da astronomia à biologia reprodutiva, passando pelos direitos das minorias dentro da ciência”, disse, em nota, o editor de notícias da revista, Richard Monastersky. “É um grupo diverso, e todos desempenharam importantes papéis nos mais importantes eventos científicos deste ano, com potencial de gerar mudanças numa escala global.”
Astrofísica
Outra sul-americana que se destacou, segundo a Nature, foi a argentina de Córdoba Gabriela Gonzalez, porta-voz da Colaboração Científica do Observatório de Ondas Gravitacionais por Inteferômetro Laser (Ligo, sigla em inglês). A física experimental fez parte do grupo de mais de mil cientistas do consórcio colaborativo internacional que detectou as ondas gravitacionais teorizadas por Albert Einstein em sua Teoria da Relatividade Geral. O trabalho de Gonzales, professora do Departamento de Física e Astronomia da Universidade Estadual da Louisiana, envolve a redução de barulho para melhorar a sensibilidade dos instrumentos capazes de detectar as ondas gravitacionais. Ela também calibra os detectores e faz análise dos dados.