{{channel}}
Vídeo de Bruno Pereira, entoando canto da floresta, vira símbolo de sua luta
O desaparecimento do indigenista Bruno Araújo Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips, vistos pela última vez no dia 05 de junho, na região da reserva indígena do Vale do Javari, tem chamado a atenção para temas relacionados a proteção do meio ambiente e a exploração ilegal de recursos naturais. De acordo com relatório da ONG internacional Global Witness, essas são as causas de mais de 70% dos assassinatos ocorridos na região da Amazônia brasileira e peruana.
Bruno, que já foi coordenador da Fundação Nacional do Índio (Funai), foi afastado do cargo após um conjunto de operações de combate à pesca, ao garimpo e a madeireiros ilegais. Antes de seu sumiço, recebeu ameaças de morte de pescadores ilícitos que atuavam na região.
Onze dias após a última vez em que foi visto com Dom, indo da comunidade ribeirinha de São Rafael para a cidade de Atalaia do Norte, circula na internet imagens suas cantando em Kanamari. Tão envolvido com os povos indígenas isolados - grupos que não têm contato frequente com a população nacional de não-indígenas -, o indigenista era capaz de se comunicar com quatro línguas indígenas diferentes.
No vídeo, possivelmente gravado por Dom - que produzia um livro intitulado “Como salvar a Amazônia” - em uma das expedições realizadas pela dupla, é possível ouvir as vozes de outras pessoas - provavelmente indígenas - de fundo. A letra da canção tem um forte cunho espiritual, e normalmente é entoada durante o ritual da ayahuasca - chá com potencial alucinógeno usado por algumas religiões para criar visões e abrir a mente -. Visivelmente confortável, Bruno sorri durante toda a gravação, interagindo com as pessoas ao seu redor.