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Diabetes: é preciso se informar para prevenir e tratar
Cristiano Caixeta Umbelino*
Levar orientação e informação segura e de qualidade à população. Essa é uma das formas mais eficazes de prevenir e controlar uma doença, seja ela crônica ou não. Ao empoderar o cidadão, ele se torna consciente do que precisa fazer por sua saúde. Mais do que isso: compreende seus direitos e passa a exigir dos gestores a adoção de medidas que o permitam buscar bem-estar e qualidade de vida.
O diabetes, uma das principais doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) que acometem os brasileiros, é exemplo de que a informação pode fazer a diferença. Não tem cura, mas pode ser controlado, desde que o paciente siga as recomendações médicas para seu tratamento.
Nesse processo, assegurar o diagnóstico precoce da doença é fundamental. Ao identificar o risco, os pacientes, orientados pelos médicos, podem agir para evitar o surgimento de uma série de complicações, como é o caso da retinopatia diabética, principal causa de cegueira em adultos.
Dados da Federação Internacional do Diabetes dão uma noção do tamanho do problema que nos cerca. No Brasil, há cerca de 17 milhões de pessoas com diabetes, o que o coloca em quinto lugar no ranking internacional da doença. O manejo desses pacientes – em virtude dos múltiplos comprometimentos - representa cerca de 10% de todos os gastos públicos realizados no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
No entanto, apesar de todos os esforços, grande parte dos portadores de diabetes ignora sua condição. Isso decorre de diferentes fatores, como a negligência com o autocuidado, a dificuldade de acesso aos serviços de assistência ou até a má influência gerada por informações equivocadas sobre o tema, que disseminadas fazem profundos estragos na saúde coletiva.
Em 2020, a situação envolvendo o cuidado com o portador de diabetes ficou ainda mais crítica em virtude da pandemia da Covid-19. Devido à recomendação de distanciamento social, muitos deixaram de fazer exames de rotina ou interromperam tratamento. Os desdobramentos gerados por este cenário serão efetivamente sentidos nos próximos anos, quando o País terá a dimensão do problema causado.
Contudo, não se pode esperar a passagem do tempo sem tomar uma atitude com relação ao impacto do diabetes na saúde dos brasileiros. A redução dos transtornos começa com ações ancoradas no presente, buscando corrigir rumos e colocar nos trilhos o atendimento ao paciente que tem a doença e identificando aqueles que não o sabem e devem ser encaminhados para tratamento.
Em novembro, o Brasil terá oportunidade de lançar um olhar sobre essas lacunas. No mês dedicado à prevenção ao diabetes, todos – poder público, serviços de saúde, médicos e pacientes - devem se unir em torno desse objetivo. Na imprensa, nos gabinetes e nas casas, precisam estar em discussão temas como a adoção de hábitos saudáveis, a importância do diagnóstico e tratamento precoces do diabetes, e o fortalecimento de políticas públicas que garantam à população que depende exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS) a consultas, exames e procedimentos.
Ignorar esses e outros problemas relacionados ao diabete implicará no aumento do número de pacientes com complicações que, em casos graves, podem levar a desdobramentos como aposentadorias precoces, amputações e cegueira. Contra isso, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), com o apoio de várias outras sociedades médicas e de outras entidades civis, investirá numa grande ação para disseminar informação.
Em 21 novembro, por meio das mídias sociais, acontecerá o projeto 24 horas pelo diabetes, uma maratona de atividades para esclarecer população e profissionais de saúde sobre a importância da prevenção e do controle dessa doença. Serão entrevistas, reportagens e sessões de teleorientação durante as quais médicos conversarão com pacientes, seus familiares e interessados sobre o tema.
Será informação da melhor qualidade, ao alcance de quem mais precisa. Os brasileiros são convidados a participar desse esforço que não tem bandeira, nem ideologia, mas pode mudar realidades e salvar vidas ao prevenir e combater o diabetes e todos os males que provoca.
*Vice-presidente do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO)