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Movimentação de talude em Barão de Cocais aumenta quase 3cm em pouco mais de 12 horas

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Canteiro de obras da construção do muro que servirá como barreira para os rejeitos antes de chegar na zona urbana da cidade. Foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press
A velocidade de deslocamento do talude norte da Mina de Gongo Soco, em Barão de Cocais, Região Central de Minas, aumentou do fim da tarde de segunda para a manhã desta terça-feira. Segundo a Agência Nacional de Mineração (ANM), por volta das 17h de ontem a movimentação em alguns pontos isolados era de 21,5 centímetros/dia. Às 8h de hoje, o deslocamento chegou a 23,9 cm/dia. A deformação na porção inferior do talude norte também aumentou de 18 cm/dia para 19,5 cm/dia. 

A Barragem Sul Superior, da Vale, se tornou centro das atenções após a ruptura dos barramentos 1, 4 e 4A, em Brumadinho, responsável pela morte já confirmada de 243 pessoas e por 27 desaparecidos, quando 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos foram despejados sobre o Vale do Rio Paraopeba. A tragédia foi o gatilho para uma crise no setor, com revisão dos critérios de estabilidade das represas de rejeitos. Em 9 de fevereiro, a barragem de Barão de Cocais foi declarada como sem garantia de estabilidade, atingindo o nível três de alerta, que indica risco iminente de ruptura. 

Dois simulados de evacuação foram feitos e 400 pessoas foram retiradas da comunidade de Socorro, a cerca de 2 quilômetros da represa. A Barragem Sul Superior tem 6 milhões de metros cúbicos de rejeitos, um conteúdo que pode, ainda, atingir e se incorporar ao volume menor da Barragem Sul Inferior. Desde o dia 18 a situação piorou, com a detecção da movimentação acelerada de uma porção do talude (paredão) de 10 milhões de metros cúbicos na lateral da cava da mina. A encosta pode desabar e iniciar uma reação em cadeia com potencial para romper a barragem, que fica abaixo, a 1,5 quilômetro de distância. 

Uma das esperanças é de que o talude desça aos poucos, não gerando uma onda de choque considerável. A probabilidade de que o deslizamento gere um rompimento da Barragem Sul Superior é estimada em aproximadamente 15%, de acordo com avaliação da área de meio ambiente do estado. Uma das medidas para evitar que os rejeitos destruam Barão de Cocais é a construção de uma barragem a seis quilômetros da mina, no curso do Rio São João, que já está em andamento, como mostrou ontem reportagem do Estado de Minas. 

Nessa segunda-feira, operários começaram a construir vias para impedir que mais de 2 mil moradores da cidade fiquem ilhados em caso de rompimento da barragem, que fica a 20 quilômetros. Parte dos rejeitos de minério de ferro seria lançada no Rio São João, manancial que corta o Centro da cidade e que pode levar o material às vizinhas Santa Bárbara e São Gonçalo do Rio Abaixo.