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Comunidade LGBT busca cada vez mais montar a própria empresa
Mas especialista alerta: é preciso se identificar com o negócio e estudar bem o ramo que vai seguir

Em um mercado de trabalho tradicional e resistente à diversidade, abrir o próprio negócio pode ser a alternativa para a inserção laboral de transexuais e travestis. Se as empresas fecham as portas para o grupo, o empreendedorismo tende a ser um espaço de empregos e de desenvolvimento para o país. Relatórios internacionais, como os elaborados pelo americano Instituto Williams e o Banco Mundial sobre a inclusão LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Travestis, Transexuais e Transgêneros), mostram que nações que ignoram a diversidade perdem dinheiro. A Índia, por exemplo, deixa de ganhar US$ 36 bilhões por ano. Embora os estudos tenham recorte em países emergentes, o Brasil não participa da pesquisa por falta de dados sobre a população trans.
O estudo do Instituto Williams mostrou ainda que, para 92% das empresas analisadas, as políticas de diversidade se provaram boas para os negócios. Tanto que 53% dessas empresas lincaram políticas de proibição de discriminação de orientação sexual e de identidade de gênero e a decisão de estender os benefícios aos parceiros. “O empreendedorismo é bom para todos os grupos sociais porque traz desenvolvimento para o país e gera renda para a pessoa. Se ele ainda consegue trazer a inserção social, melhor ainda”, define Antônio Valdir Oliveira, superintendente do Sebrae no DF.
Transexual, Nathália Vasconcellos, 25 anos, aguarda a oportunidade de abrir o próprio negócio: um salão de beleza. Para conseguir concretizar a vontade de ser empresária, faltam a sala comercial e o capital de giro. Ela já tem os equipamentos necessários, a placa da loja e a vontade de trabalhar. Para ela, o mercado de trabalho aceita poucos os trans, e os que admitem preferem colocá-los em serviços de “bastidores”, ou seja, distantes do atendimento ao público. Ela conta que, quando trabalhava de cabeleireira como funcionária, tinha acesso aos clientes; entretanto, esse relacionamento nem sempre é fácil. Ela narra situações desagradáveis. “Tem cliente que não aceita ser atendida por trans ou, então, fica trocando o gênero o tempo todo. Fora os colegas de trabalho, que fazem perguntas íntimas que não quero responder.”
O plano de Natháli é abrir o salão de beleza em Samambaia o mais rápido possível. Para ter segurança e não fechar o empreendimento, ela cursou disciplinas de empreendedorismo na faculdade e pretende fazer mais cursos na área. “O que eu tinha por dentro estava incompatível com a minha aparência. A transição é difícil porque, devido ao preconceito, as trans se escondem. Mas eu quero seguir em frente e fazer o salão dar certo.”