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Solução da seca em Pernambuco vem das forrageiras
Diante das mudanças climáticas, as ações de convivência com a seca se tornam cada vez mais necessárias para o semiárido nordestino. A convivência aproxima homem e animais e, por tabela, recai sobre a alimentação de bovinos, caprinos, ovinos. E manter o rebanho de pé depende mais do que chuvas. Depende de tecnologia e conhecimento de temas como as chamadas forrageiras, o que tem demandado pesquisas.Amais recente, divulgada neste mês pela Federação da Agricultura do Estado de Pernambuco (Faepe) e pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), traz resultados animadores sobre a produção de gramíneas, lenhosas e cactáceas.Uma delas, a palma Orelha de Elefante Mexicana, produziu 22,7 toneladas de massa por hectare ao ano.
No critério peso, as cactáceas se destacaram entre as forrageiras. A mais próxima da Orelha de Elefante foi a Palma Miúda, com 18,2 toneladas por hectare ao ano, enquanto a Ipa Sertânea veio depois, com 15,5 toneladas por hectare ao ano. Em patamar abaixo, embora considerado bom, vieram as gramíneas anuais. No caso o milho e o sorgo. Com um ciclo produtivo de 90 dias, os milhos BRS 2022 e Bandeirante alcançaram uma produtividade de 13,4 e 12,4 toneladas por hectare ao ano, respectivamente. “As forrageiras são de vital importância para uma região que significa 80% do território pernambucano, onde a principal atividade econômica é a pecuária", afirmou o presidente da Faepe, Pio Guerra.
O estudo sobre as forrageiras completa quatro anos no próximo mês. Eles ocorrem na Unidade de Referência Tecnológica (URT), em São João, município do Agreste pernambucano. Ao investir na pesquisa, segundo Soraia Souza, responsável técnica da URT, o que se pretende “é identificar as forrageiras mais adaptadas às regiões semiáridas. Não só as resistentes a secas, mas também a pragas e doenças”.Ao todo, o levantamento, que integra o projeto Forrageiras para o Semiárido - Pecuária Sustentável, analisou 17 forrageiras, sendo 11 gramíneas, cinco cactáceas e duas lenhosas. As gramíneas foram divididas em dois grupos, as anuais, a exemplo do milho, e as perenes, caso dos capins Massai e Piatã.
Na hora de pensar na produção, o estudo destaca a necessidade de se analisar diversos fatores. O Milho BRS 2022, segundo Soraia, é “uma boa opção para a região do semiárido e também adequada à agricultura de baixo investimento”. Por sua vez, completa, a palma é componente estratégico no cardápio forrageiro e serve como reserva de forragem. “Pode ficar muito tempo no campo e não tem perdas nutricionais”, explicou, acrescentando ser recomendada para os criadores de ruminantes, por disponibilizar água e ter boa aceitabilidade dos animais. Em síntese, pontua Pio Guerra, a pesquisa faz parte do esforço concentrado das “nossas instituições” para tornar a agropecuária local mais competitiva.
Resultados chegam ao produtorrural
Os conhecimentos acumulados ao longo do projeto apresentam resultados na ponta da cadeia produtiva. O produtor rural Vinicius deCarvalho Leite afirmou ter melhorado a produtividade das forrageiras em sua propriedade, bem como a alimentação do seu rebanho, a partir dos estudos daUnidade de Referência Tecnológica de São João.
“A gente não usava o trato adequado”, disse Vinicius. De acordo com ele, a plantação de palma estava pulverizada e, ao tomar conhecimento o projeto, conseguiu entender as técnicas e fazer o manejo adequado, acompanhar a quantidade de chuvas, e plantar o capim Massai em suas terras. Capim este que “tem excelente rebrota”. “Com o conhecimento estamos conseguindo muito sucesso na propriedade”.
O reitor da Universidade Federal do Agreste Pernambucano (Ufape), Airon Melo, avalia o projeto como fundamental para a região. “A partir dessas experiências, podemos divulgar para o produtor ter mais segurança para sobreviver e produzir com garantia no semiárido”.