Programa Alimentar Mundial suspende assistência a vários países por falta de financiamento
O PAM garante que necessita de 494 milhões de dólares para cobrir as operações no segundo semestre do ano
O Programa Alimentar Mundial (PAM) anunciou nesta sexta-feira (11) a suspensão de assistência alimentar e nutricional a vários países africanos por causa da falta de financiamento à agência da ONU, principalmente devido aos cortes na ajuda externa dos Estados Unidos.
Segundo o PAM, a interrupção já afetou as operações na Mauritânia, Mali e República Centro-Africana, onde os estoques alimentares só deverão durar mais algumas semanas. Além disso, a distribuição de comida já foi drasticamente reduzida nos campos de refugiados nigerianos em Camarões. Os dados estimam que milhões de pessoas sejam atingidas de forma imediata, incluindo 300 mil crianças na Nigéria em risco de desnutrição severa, o que eleva o risco de morte. O Comitê Internacional de Resgate também apontou este mês houve um aumento de 178% nas admissões em internamento nas suas clínicas entre março e maio no norte da Nigéria, onde 1,3 milhões de pessoas dependem da ajuda do PAM.
"Estamos fazendo tudo o que podemos para dar prioridade às atividades mais vitais, mas sem um apoio urgente dos nossos parceiros, a nossa capacidade de resposta diminui diariamente. Precisamos de financiamento contínuo para manter o fornecimento de alimentos e a esperança viva", afirmou Margot van der Velden, diretora regional do PAM.
Para o PAM, a decisão da administração Trump de cortar os fundos da Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (USAID, na sigla em inglês) e o financiamento vital às Nações Unidas, deixou diversas agências humanitárias em dificuldades para continuar o seu trabalho e apoio.
Os deslocados no Mali não recebem alimentos de emergência desde junho, precisamente no início do período em que a produção alimentar atinge os níveis mais baixos na região. Enquanto isso, apesar da contínua chegada de refugiados vindos do Darfur do Norte, devido ao conflito no Sudão, os fornecimentos de emergência no Chade só deverão durar até ao final do ano. E o Níger enfrenta o risco de uma suspensão completa da ajuda alimentar até outubro.
De acordo com as Nações Unidas, estes países já vivem crises humanitárias agravadas por ataques constantes de inúmeros grupos terroristas, que causa milhares de mortos e milhões de deslocados, segundo a ONU. Os ataques são ainda intensificados pelas alterações climáticas, que afeta as colheitas e fragiliza as economias de muitos países da África.
O PAM garante que necessita de 494 milhões de dólares para cobrir as operações no segundo semestre do ano, no entanto os fundos estão completamente esgotados, forçando a organização a dar prioridade aos grupos mais vulneráveis.