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Quase 75% dos locais de Patrimônio Mundial estão ameaçados pela falta ou excesso de água

O relatório também indica que a situação se agravará nas próximas décadas

Por Isabel Alvarez

Cataratas Vitória

O relatório divulgado pelo Instituto de Recursos Mundiais (WRI) e pela agência das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura alerta que quase 75% dos cerca de 1.200 sítios classificados como Patrimônio Mundial pela UNESCO enfrentam atualmente graves ameaças relacionadas com a água. O documento dos órgãos afirma que os casos são por escassez ou inundações, e em alguns deles por ambas as situações alternadas.

O relatório também indica que a situação se agravará nas próximas décadas e é estimado que em 2050, aproximadamente 44% desses locais deverão enfrentar níveis elevados ou extremos de estresse hídrico, em relação aos 40% atuais.

O estudo analisou 1.172 sítios não marinhos reconhecidos pela UNESCO e mostrou que 73% estão em risco, 40% dos quais sofrem de falta crônica de água ou estresse hídrico e 33% têm risco elevado de inundações. Um em cada cinco ainda enfrenta ambos os extremos no espaço de apenas um ano.

As áreas mais ameaçadas se concentram no Oriente Médio, Norte de África, partes do Sul da Ásia e norte da China. Entre os exemplos mais críticos estão o Ahwar, no sul do Iraque, uma região que integra zonas úmidas e sítios arqueológicos da antiga Mesopotâmia e as Cataratas Vitória, entre a Zâmbia e o Zimbábue, os dois seriamente ameaçados pela falta de água.

Em relação às inundações, se sobressaem o sítio arqueológico de Chan-Chan, no Peru, e os santuários de aves migratórias ao longo da costa do Mar Amarelo e do Golfo Bohai, na China. "A água deve ser reconhecida como um bem comum da humanidade", dizem os autores do relatório, defendendo que proteger estas regiões é também uma questão de resiliência climática e justiça intergeracional.

Entretanto, os especialistas consideram que ainda é possível reverter a tendência se forem implementadas medidas eficazes em termos local, nacional e internacional. Entre as soluções propostas estão a plantação de árvores, a recuperação de zonas úmidas e a gestão mais sustentável dos recursos hídricos.