Israel atacou Beirute e alegou violação do acordo de cessar-fogo
Esta foi a mais grave onda de bombardeios desde que uma trégua mediada pelos Estados Unidos, em novembro passado
Israel realizou pelo menos dez ataques aéreos no sul de Beirute, no subúrbio de Dahiyeh, na noite de ontem. As Forças de Defesa de Israel (FDI) disseram que identificaram uma unidade do Hezbollah na região. As FDI afirmaram que o grupo estaria produzindo milhares de drones, financiados por terroristas iranianos. “Trata-se de uma violação flagrante dos entendimentos determinados pelo acordo de cessa-fogo. Mas, apesar dos acordos entre Israel e o Líbano, a unidade aérea do Hezbollah continua envolvida em atividades terroristas e a expandir as suas capacidades”, diz comunicado das FDI.
Esta foi a mais grave onda de bombardeios desde que uma trégua mediada pelos Estados Unidos, em novembro passado, pôs fim a uma guerra de um ano entre Israel e o grupo libanês Hezbollah, apoiado pelo Irã.
Por outro lado, o Líbano acusou o governo israelense de violar o acordo de cessar-fogo. O presidente libanês, Joseph Aoun, e o primeiro-ministro Nawaf Salam condenaram os ataques como uma violação flagrante dos acordos internacionais. “Considero que constituem um ataque sistemático e deliberado à nossa pátria, à segurança, estabilidade e economia, especialmente na véspera de feriados e da temporada turística", acusou Salam.
As celebrações do feriado muçulmano Eid Al-Adha deveriam ter começado na quinta-feira (5) no país, no entanto centenas de pessoas fugiram das ruas da área densamente povoada após o alerta de evacuação, causando um intenso congestionamento. “Os ataques geraram um pânico e um medo renovados na véspera do Eid Al-Adha", disse o gabinete do Coordenador Especial das Nações Unidas para o Líbano.
Uma fonte de segurança libanesa relatou a agências de noticia internacionais que o exército libanês recebeu um aviso informando que equipamento militar estava numa área em Dahiyeh. Após visitar o local, o exército constatou que não havia ali nenhum armamento militar armazenado.
Mas, o ministro da Defesa israelense, Israel Katz, garantiu hoje que o exército continuará a atacar Beirute se o Líbano não desarmar o Hezbollah. "Não haverá calma em Beirute, nem ordem ou estabilidade no Líbano, sem segurança para o Estado de Israel. Os acordos devem ser respeitados e, se não fizerem o que for necessário, continuaremos a agir, e com grande força”, indicou Katz, em comunicado.
O Hezbollah e Israel se acusam mutuamente de não cumprirem os termos da trégua, assinada em novembro último. O exército de Israel tem atacado continuamente o sul do Líbano e as tropas israelenses ainda ocupam cinco posições no topo de colinas no sul. Desde que a trégua foi firmada, Israel atacou os subúrbios de Beirute três vezes, em resposta a lançamentos de mísseis a parti do Líbano. Já o Hezbollah negou o envolvimento nestes ataques.
O acordo entre as partes estabeleceu o compromisso de cessar as hostilidades transfronteiriças e apenas o exército libanês e as forças de paz da ONU poderiam atuar no sul do Líbano. Também ficou firmado no documento que o Hezbollah retirasse todo seu armamento e combatentes do sul do Líbano e que todos os grupos paramilitares fossem desarmados no país.