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Fundação que distribui alimentos em Gaza suspende serviço

A Fundação Humanitária de Gaza (GHF) anunciou que suspenderá as operações de distribuição alimentar autorizadas pelas autoridades israelenses nos centros da Faixa de Gaza durante um dia

Por Isabel Alvarez

Meninos palestinos carregam panelas enquanto fazem fila em um ponto de distribuição de refeições quentes em Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza

A Fundação Humanitária de Gaza (GHF) anunciou que suspenderá as operações de distribuição alimentar autorizadas pelas autoridades israelenses nos centros da Faixa de Gaza durante um dia. A FHG disse que as atividades serão retomadas na quinta-feira (5), após implementação de medidas de segurança.

“No dia 4 de junho, os centros de distribuição serão encerrados para trabalhos de renovação, reorganização e melhoria da eficiência”, declarou a organização de financiamento obscura apoiada pelos Estados Unidos e por Israel.

“Na quarta-feira é proibido circular nas estradas que conduzem aos centros de distribuição, que são considerados zonas de combate”, acrescentou o exército israelense. As autoridades de Tel Aviv impuseram a FHG, ao invés das tradicionais agências humanitárias que operam na região.

A medida ocorre apos soldados israelenses abrirem fogo em duas ocasiões contra os civis que aguardavam a ajuda na área de Al-Alam, em Rafah, no sul de Gaza. Dezenas de palestinos morrerem, além de muitos terem sido feridos.

A Organização das Nações Unidas descreveu os centros de distribuição como “armadilhas mortais”, no qual palestinos famintos são obrigados a percorrer zonas de combate e caminhar entre arame farpado rodeados por guardas privados armados. O secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou o tiroteio e exigiu uma investigação independente e imediata do incidente, enquanto o alto-comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, denunciou como crimes de guerra.

Por outro lado, o exército israelense declarou que os soldados dispararam tiros de advertência contra suspeitos que se aproximaram de uma forma que colocava em perigo a sua segurança, mas afirmou que será aberto um inquérito para esclarecer e apurar tudo o que for possível sobre o sucedido. á a Casa Branca disse que investiga a autenticidade dos relatos de disparos fatais.

Após a interrupção muito parcial e limitada de um bloqueio total imposto por Israel por mais de dois meses, que privou a população de Gaza de toda a ajuda humanitária, a FHG iniciou as suas operações há pouco mais de uma semana com a entrada de poucos caminhões capazes de atender as necessidades urgentes do povo palestino. Desde então, a distribuição alimentar é precária e marcada por cenas caóticas e vítimas de tiros dos militares perto dos seus centros.

As Nações Unidas e várias ONGs também se recusaram a trabalhar com esta organização devido a preocupações com os seus procedimentos e neutralidade, receando que tenha sido criada para servir os objetivos militares de Israel.