Israel ameaça anexar partes da Cisjordânia se Estado da Palestina for reconhecido
A maioria dos países da ONU, mais especificamente 143 dos 193 membros, reconhece o Estado da Palestina como um estado soberano
O ministro israelense de Assuntos Estratégicos, Ron Dermer, ameaçou que Israel anexará territórios da Cisjordânia se o Reino Unido e a França, entre outros países, reconhecerem o Estado da Palestina.
Dermer fez estas declarações em resposta a um possível reconhecimento internacional do Estado palestino na cúpula das Nações Unidas, em Nova Iorque, que será co-presidida por França e Arábia Saudita no próximo dia 18 de junho.
Em uma conversa com o ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Noël Barrot, Dermer alertou que Tel Aviv tomará medidas unilaterais como a legalização de assentamentos não autorizados e a anexação de partes da Área C da Cisjordânia, o maior dos três setores administrativos em que o território foi dividido após os Acordos de Oslo, assinados como temporários e nunca efetivados. Segundo os acordos assinados em 1993, essa localidade ficava sob administração de Israel, enquanto a zona B sob o controle administrativo da Autoridade Palestina e controle militar israelense, sendo a zona A administrada exclusivamente pela Autoridade Palestina.
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar, também já fez advertências similares sobre possíveis medidas unilaterais, em reação a posições tomadas por Barrot, assim como pelo chanceler britânico, David Lammy, e outros países. O chefe da diplomacia do Reino Unido disse recentemente que seu pai estava em conversações com o governo francês sobre a probabilidade de reconhecimento do Estado palestino, mas assinalou que Londres só apoiaria esta decisão se esta tivesse consequências tangíveis.
Já o presidente do Conselho Europeu, António Costa, declarou que a União Europeia continua a apoiar firmemente uma solução baseada na existência de dois Estados e aguarda com expectativa a conferência da Organização das Nações Unidas que tratará do assunto.
A maioria dos países da ONU, mais especificamente 143 dos 193 membros, reconhece o Estado da Palestina como um estado soberano. Isso representa cerca de 74% dos países membros da ONU, sendo que a maior parte são nações da África, Ásia e América Latina.
No entanto, dos europeus são apenas a Espanha, Irlanda e a Noruega. Este reconhecimento recente tem sido motivo de controvérsia e reação de Israel e até de outras potências, como os EUA. Mas, muitos líderes mundiais admitem que a única solução são os dois Estados. A questão do reconhecimento da Palestina continua a ser um ponto central no conflito israelense-palestino.