Rússia bombardeia Kiev durante troca de prisioneiros entre os dois países
Ataque em larga escala da Rússia, com drones e mísseis, deixou 15 feridos em Kiev, capital da Ucrania
Um ataque russo em larga escala, com drones e mísseis, deixou 15 feridos neste sábado (24) em Kiev, a capital ucraniana, apesar do início da segunda fase da maior troca de prisioneiros de guerra desde o início da invasão das tropas de Moscou há mais de três anos.
A Força Aérea afirmou que derrubou "seis mísseis balísticos Iskander-M/KN-23 [em Kiev] e neutralizou 245 drones inimigos tipo Shahed", de um total de 14 mísseis e 250 drones lançados da Rússia.
A capital ucraniana foi "o principal alvo" desse ataque, acrescentou.
Correspondentes da AFP em Kiev relataram ter ouvido fortes explosões durante a noite. As autoridades da cidade relataram vários incêndios e impactos de destroços de mísseis e drones em edifícios de vários bairros da capital.
Segundo a polícia, 15 pessoas ficaram feridas em Kiev e duas em sua região metropolitana.
O Ministério da Defesa da Rússia alegou que atingiu "empresas do complexo militar-industrial" e "posições de sistemas antiaéreos Patriot" entregues pelos Estados Unidos à Ucrânia.
"Apenas sanções adicionais contra setores cruciais da economia russa forçarão Moscou a cessar os ataques", declarou o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, na rede social X. Ele insistiu em que "a causa do prolongamento da guerra está em Moscou".
"Se ainda há alguém com dúvidas de que a Rússia quer continuar com a guerra, que leia os jornais", reagiu Katarina Mathernova, embaixadora da União Europeia na Ucrânia.
Troca de prisioneiros
O ataque ocorreu em meio a uma troca recorde de prisioneiros entre Ucrânia e Rússia, com um total de mil pessoas liberadas por cada lado entre sexta-feira e domingo.
Neste sábado foram trocados 307 prisioneiros de guerra russos por outros tantos soldados ucranianos, anunciaram Kiev e Moscou.
A troca de presos é o único resultado concreto das negociações entre russos e ucranianos realizadas na semana passada em Istambul, o primeiro contato direto entre os dois lados em três anos.
O acordo de troca de prisioneiros foi anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que continua pressionando os dois lados para que cheguem a um acordo sobre o fim do conflito.
Após a conclusão da troca, as partes devem apresentar documentos que expliquem suas condições para um acordo que possibilite o fim do conflito, iniciado em fevereiro de 2022 com a invasão russa da Ucrânia.
"A Ucrânia está pronta para qualquer forma de diplomacia que produza resultados, e estamos prontos para tomar todas as medidas que garantam a segurança real. É a Rússia que não está pronta para nada", lamentou Zelensky neste sábado.
Bombardeios e combates
No oblast (região administrativa) de Chernihiv, para onde foram levados os ucranianos libertados na sexta-feira, centenas de pessoas, a maioria mulheres, esperavam por seus familiares com bandeiras e fotos.
Quando os ex-prisioneiros saíram dos ônibus, foram recebidos entre gritos e lágrimas pela multidão, que correu para abraçá-los ou para pedir informações sobre parentes capturados.
A Rússia divulga poucas informações sobre a situação dos prisioneiros ucranianos e, em cada troca, há surpresas, declarou à AFP um funcionário de alto escalão de Kiev que pediu anonimato.
"Em quase todas as trocas, há pessoas sobre as quais ninguém sabia nada", disse. Às vezes devolvem pessoas que estavam nas listas de desaparecidos ou que eram consideradas mortas", afirmou.
Enquanto isso, na linha de frente, os combates continuam, com um Exército russo mais forte e bem preparado, continuando seus avanços em alguns setores, apesar das pesadas perdas.
O Ministério da Defesa russo afirmou neste sábado ter tomado duas cidades ucranianas no oblast de Donetsk (leste), o epicentro dos combates, e uma no de Sumy (nordeste), que faz fronteira com a Rússia.
De acordo com as autoridades ucranianas, os bombardeios russos mataram uma mulher na região administrativa de Sumy neste sábado.
Enquanto isso, no oblast russo de Kursk, que faz fronteira com Sumy, os bombardeios ucranianos deixaram cinco pessoas feridas, de acordo com as autoridades locais.
No dia anterior, na Ucrânia, 11 civis foram mortos em bombardeios russos, segundo as autoridades ucranianas.