ONU rejeita esquema que desrespeite direito internacional em Gaza
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, destacou que a ONU possui seu próprio planejamento para levar ajuda ao enclave
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, declarou que apesar dos níveis atrozes de morte e destruição não aceita participar de esquemas que não respeitem o direito internacional e os princípios de humanidade, imparcialidade, independência e neutralidade na Faixa de Gaza.
Guterrres destacou que a ONU possui seu próprio planejamento para levar ajuda ao enclave.
“As Nações Unidas e seus parceiros têm um plano detalhado de cinco passos, baseado em princípios e operacionalmente sólido, apoiado pelos membros da ONU, para destinar ajuda à população de Gaza. O plano da ONU inclui a entrega de ajuda a Gaza; inspeção e verificação da carga em pontos de passagem; ajuda de transporte dos pontos de passagem para instalações humanitárias; preparação da ajuda para distribuição posterior, e apoio de transporte para as pessoas. Temos o pessoal, as redes de distribuição, os sistemas e as relações comunitárias necessárias para agir", detalhou, em alusão a mantimentos suficientes e disponíveis para serem entregues para encher quase 9.000 caminhões.
A ONU também citou atrasos significativos no fornecimento de mantimentos a civis devido aos novos protocolos de segurança longos e complexos implementados por Israel na fronteira, uma vez que assim que a ajuda humanitária inicia a sua viagem para Gaza, corre o risco de ser saqueada, com as pessoas esfomeadas a correrem para recolher os mantimentos antes de chegarem ao seu destino final.
O secretário-geral assegurou que, nos últimos dias, cerca de 400 caminhões foram autorizados pelo exército israelense a entrar em Gaza através da passagem de Kerem Shalom, mas apenas a carga de 115 caminhões foi recolhida. "E nada chegou ao norte sitiado", lastimou.
"As necessidades são enormes e os obstáculos são impressionantes. Estão sendo impostas cotas rigorosas aos produtos que distribuímos, juntamente com procedimentos de atraso desnecessários. Outros artigos essenciais, incluindo combustível, abrigo, gás de cozinha e material de purificação de AGU, são proibidos", relatou.
A organização assinala ainda há uma corrida contra o tempo para evitar a fome generalizada, dos cerca de 2,2 milhões de habitantes de Gaza, quase todos dependem da ajuda humanitária. “Definitivamente o que entrou suficiente”, reforçou Vladimir Jovcev, do Programa Alimentar Mundial.
Guterres acrescentou que os palestinos enfrentam aquela que poderá ser a fase mais cruel deste conflito. “Durante quase 80 dias Israel bloqueou a entrada de ajuda internacional essencial, o que deixou toda a população de Gaza com em alto risco. As famílias estão passando fome e são privadas do mais básico. Tudo isto com o mundo a assistir em tempo real. Israel tem obrigações claras ao abrigo do direito internacional humanitário", apontou o líder da ONU, reforçando as obrigações do governo de Tel Aviv enquanto potência ocupante.
A Alemanha também indicou hoje que os caminhões de ajuda humanitária que Israel autorizou a entrar em Gaza esta semana são muito poucos e chegam muito tarde e lentamente. “Agora é uma questão de aumentar significativamente e garantir que estes fornecimentos de ajuda cheguem às pessoas para que o sofrimento na Faixa de Gaza chegue ao fim”, disse um porta-voz do governo alemão.