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Combate à desinformação: Google remove 23 mil canais do YouTube na UE

Relatório do Google revelou ter extinguido 23.267 canais no YouTube como parte das suas operações contra campanhas de influência coordenadas

Por Isabel Alvarez

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Youtube

Segundo o relatório divulgado pelo Google, a empresa eliminou cerca de 23 mil canais no YouTube na União Europeia, no primeiro trimestre do ano, como forma de combater a desinformação.

O Threat Analysis Group (TAG) da big tech revelou ter extinguido 23.267 canais no YouTube como parte das suas operações contra campanhas de influência coordenadas. Somente em janeiro foram mais de 14.600 canais do YouTube, mais de 4.000 em fevereiro e cerca de 4.500 no mês de março.

O relatório do Observatório Europeu dos Meios de Comunicação Digitais (EDMO), que apoia a comunidade independente que trabalha no combate à desinformação, reúne verificadores de fatos, acadêmicos e outras partes interessadas relevantes, já havia alertado sobre uma rede de 49 canais no YouTube, com mais de 36 milhões de visualizações, que publicava desinformação política. Apesar dos canais eliminados estivessem veiculados a diversos países, o relatório destacou que aproximadamente 15.800 canais estão relacionados à China, além de operações de desinformação e interferência estrangeiras também estarem ligados a Alemanha, Rússia, Romênia, Azerbaijão e Nigéria.

As regras digitais históricas, adotadas pelo Parlamento Europeu desde 5 de julho de 2022, ajudam a criar um ambiente digital mais seguro, justo e transparente. Com a adoção da Lei dos Mercados Digitais e da Lei dos Serviços Digitais da UE, as abordagens do bloco têm se consolidado como referência global, sendo considerada o padrão ouro na regulamentação de plataformas digitais. Elas destacam também a crescente dependência tecnológica das big techs e chamam a atenção para o acúmulo de poder que essas corporações alcançaram.

Além disso, o Google ainda bloqueou muitas páginas da internet, além do YouTube, impedindo o seu aparecimento no Google Notícias, como parte da investigação sobre as operações de influência ligadas a diferentes países, como 21 contas associadas aos Estados Unidos. O boletim desenvolvido pelo TAG tem como objetivo manter o público informado sobre os intervenientes maliciosos que tentam explorar as suas plataformas, como o YouTube ou o Google Notícias, para disseminar narrativas sobre conflitos geopolíticos, eleições e tensões regionais.

As desinformações eram referente à imigração, alterações climáticas, Covid-19, eleições, questões da LGBTQ+ e de gênero, conflito regional no Oriente Médio, guerra na Ucrânia e fakenews políticas.
Enquanto isso, em fevereiro do ano passado, a Comissão Europeia iniciou um processo formal para avaliar se o TikTok violou a Lei dos Serviços Digitais relativo à transparência da publicidade. Em dezembro passado, abriu um outro sobre riscos relacionados com as eleições e o discurso cívico, que ainda esta em curso. “É fundamental para que os investigadores e a sociedade civil possam detectar anúncios fraudulentos, campanhas de ameaças híbridas, assim como operações de informação coordenadas e anúncios falsos no contexto das eleições. o TikTok não fornece as informações necessárias sobre o conteúdo dos anúncios, os usuários visados pelos anúncios e quem pagou os anúncios" e, além disso, não permite que os seus utilizadores façam "uma pesquisa exaustiva de anúncios", anunciou recentemente a entidade.

Já a Anistia Internacional acusa o TikTok de não ter tomado quaisquer medidas em relação a vídeos tóxicos que promovem conteúdos relacionados com a depressão e o suicídio de jovens, descobertos após uma investigação em 2023.

UE foi pioneira global

A União Europeia (UE) se tornou após um período de adaptação, a primeira jurisdição mundial com regras para plataformas digitais, que passam a estar obrigadas a remover conteúdos ilegais e nocivos. As empresas que não cumprem podem ter multas proporcionais à sua dimensão, sendo que as companhias de maior dimensão podem ser sancionadas até 6% do seu volume de negócios global.

Na Lei dos Serviços Digitais, a Comissão Europeia definiu 19 plataformas em linha de muito dimensão, com 45 milhões de usuários ativos mensais, que passaram a ter de cumprir novas regras. A lei foi criada para proteger os direitos fundamentais dos usuários online na UE e é uma legislação inédita para o espaço digital que responsabiliza plataformas por conteúdos prejudiciais e nocivos, nomeadamente desinformação.

Vários países já criminalizam a disseminação de desinformação nas plataformas digitais, incluindo a Alemanha com a Lei de Aplicação da Rede, que exige que as plataformas online removem conteúdos claramente ilegais, como difamação e incitação ao crime, em até 24 horas, e o Reino Unido, que sancionou leis que exigem transparência e mitigação de riscos por parte das plataformas.

A criminalização da desinformação é uma avaliada como um tema complexo e controverso, com implicações para a liberdade de expressão e a democracia. No entanto, alguns países têm leis com definições amplas de desinformação ou notícias falsas, o que pode ser usado para suprimir críticas ao governo ou a expressão de opiniões impopulares.