Em meio a pressão, Israel permite entrada de ajuda humanitária em Gaza
Governo de Israel anunciou que começou a permitir entrada de ajuda humanitária básica e limitada na Faixa de Gaza

Após um bloqueio de cerca de dois meses, o governo israelense anunciou que começou a permitir entrada de ajuda humanitária básica e limitada na Faixa de Gaza, mas sem a participação das agências das Nações Unidas. A mídia internacional analisou imagens de satélite que indicam que as Forças de Defesa de Israel (FDI) preparam locais em Gaza para serem usados como centros de distribuição alimentar.
Entretanto, a intensa a ofensiva militar escala e mais de 500 pessoas já morreram nas últimas 72 horas. As autoridades de saúde do enclave palestino ainda informaram que há centenas de feridos e estima-se que muitos estejam soterrados sob os escombros.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, também confirmou que Israel pretende tomar o controle de todo o território palestino, condenada por boa parte da comunidade internacional. Além disso, admitiu que seu país chegou a uma linha vermelha, após aliados terem dito que não é possível tolerar as imagens da fome em Gaza. “Os maiores amigos do mundo de Israel não conseguem aceitar as imagens de fome em massa que surgem de Gaza e que não apoiarão Israel caso isso continue. Para alcançar a vitória, nós temos de resolver este problema de alguma forma. É difícil, mas necessária”, declarou, sem, no entanto, especificar quais países pressionaram uma mudança nesta situação.
Enquanto isso, as conversações entre o Hamas e Tel Aviv foram retomadas. "Esta rodada de negociações teve inicio sem quaisquer pré-condições de qualquer dos lados, e as negociações estão abertas a todas as questões. O Hamas apresentará as suas opiniões sobre todas as questões, especialmente o fim da guerra, a retirada israelense de Gaza e a troca de prisioneiros", disse Taher al-Nounou, assessor de imprensa do grupo.
Por sua vez, Israel, confirmou em comunicado que as negociações sobre um acordo para libertar os reféns foram reiniciadas no Catar, em meio nova campanha das FDI chamada de Operação Carruagens de Gideão que foi anunciada no sábado. “Com o lançamento da Operação Carruagens de Gideão em Gaza, liderada com grande força pelo comando militar, a delegação do Hamas em Doha anunciou a retomada das negociações sobre um acordo de reféns, contrariando a posição de rejeição que haviam assumido até este momento”, disse Israel Katz, ministro israelense da Defesa, em nota.
Katz acrescentou que as negociações começaram sem que Israel concordasse primeiro com um cessar-fogo ou mesmo antes que fosse suspensa a proibição à entrada de ajuda humanitária na região. “A Operação Carruagens de Gideão tem como objetivo alcançar todos os objetivos da guerra, incluindo a libertação dos reféns e a derrota do Hamas”, disse o exército de Israel.
Fome atinge a população do enclave
O governo de Tela Aviv proibiu a entrada de qualquer ajuda humanitária na Faixa de Gaza desde o início de março, antes da violar o cessar-fogo, o que levou a uma crescente preocupação mundial sobre a situação dos 2,3 milhões de residentes do enclave.
Na última sexta-feira, o presidente dos EUA, Donald Trump reconheceu a crise de fome em Gaza e a necessidade de enviar ajuda e prometeu resolver a situação.
Diversas organizações internacionais criticam duramente o bloqueio de ajuda e denunciam que Israel comete crimes de guerra, crimes contra a humanidade, deslocação frequente forçada e usa a fome como arma de guerra, além dos milhares de mortes de crianças e mulheres com os extensos e incessantes bombardeios promoverem uma limpeza étnica.
"O risco de fome em Gaza está aumentando com a retenção deliberada de ajuda humanitária, incluindo medicamentos, devido ao bloqueio em curso. Dois milhões de pessoas estão a passar fome enquanto toneladas de comida estão retidas na fronteira, a poucos minutos de distância. A escalada das hostilidades, as ordens de retirada, a redução do espaço humanitário e o bloqueio da ajuda estão levando a um fluxo de vítimas num sistema de saúde já sobrecarregado. As pessoas estão a morrer de doenças que podem ser prevenidas, enquanto os medicamentos esperam na fronteira, e os ataques aos hospitais privam as pessoas de cuidados e as desencorajam de procurá-los " afirmou o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Milhares de doentes ainda têm de ser retirados de Gaza por razões médicas, segundo Tedros Adhanom Ghebreyesus, que pediu aos membros da OMS que aceitem mais doentes e a Israel que autorize estas retiradas e a entrada de alimentos e medicamentos em Gaza o mais rápido possível.
As Nações Unidas, assim como as organizações internacionais de ajuda que operam na Faixa de Gaza, têm vindo a denunciar a escassez de alimentos e de outros itens de ajuda essencial há semanas.
De acordo com o relatório do IPC (Classificação Integrada de Fases de Segurança Alimentar), publicado no dia 12 de maio, o enclave palestino enfrenta um risco crítico de fome e desnutrição.