Israel afirma que exército entrará em Gaza com toda a força nos próximos dias
Netanyahu também assinalou que não vê qualquer contexto em que possa parar a guerra

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, anunciou hoje que o exército israelense entrará na Faixa de Gaza com toda a força nos próximos dias para completar a operação militar e derrotar o Hamas. Inclusive as Forças de Defesa de Israel (FDI) convocou centenas de reservistas.
Netanyahu também assinalou que não vê qualquer contexto em que possa parar a guerra, afirmando que não haverá nenhuma situação em que Israel possa parar o conflito contra o grupo terrorista.
Além disso, o premiê acrescentou que o seu governo atua para encontrar países que estejam dispostos a receber residentes do enclave palestino. "Estabelecemos uma administração que lhes permitirá sair, mas o problema do nosso lado se resume a uma coisa: precisamos de países dispostos a aceitá-los. É nisso que estamos a trabalhar agora. Se lhes dermos a oportunidade de sair, digo que mais de 50% sairão, e creio que até mais", disse Netanyahu.
No início de maio, Tel Aviv já havia avisado sobre uma nova campanha militar contra Gaza que prevê a "conquista" do território, prevendo neste cenário que isso exigirá uma ampla deslocação interna da maioria dos seus habitantes.
Enquanto isso, as ofensivas continuam e durante a madrugada de hoje mais um jornalista foi morto depois de um ataque israelense na ala cirúrgica do Hospital Nasser em Khan Yunis, no sul de Gaza. Hassan Aslih estava sendo tratado na unidade após ter sido ferido num outro bombardeio contra uma tenda próxima usada pelos jornalistas
O exército de Israel também informou que atingiu o comando central do Hamas situado embaixo do Hospital Europeu no sul de Gaza, onde estão abrigados milhares de deslocados.
Israel apoia iniciativa dos EUA de distribuir ajuda humanitária
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar, declarou que o seu país apoia totalmente a iniciativa dos EUA de distribuir ajuda humanitária na Faixa de Gaza, que não prevê nenhum envolvimento direto de Israel. "Israel apoia totalmente o plano da administração Trump apresentado na sexta-feira (9) pelo embaixador dos Estados Unidos em Israel, Mike Huckabee. A iniciativa dos EUA permitirá que a ajuda vá diretamente para a população", afirmou Saar.
O chefe da diplomacia israelense avançou ainda querer cooperar com o maior número possível de países e ONG para implementar o plano norte-americano
Na semana passada, o embaixador norte-americano em Israel anunciou uma nova iniciativa que o seu país diz que vai implementar em breve para ajudar os palestinos. "Os israelenses estarão envolvidos no fornecimento da segurança militar necessária, uma vez que esta é uma zona de guerra, mas não participará na distribuição de alimentos, nem mesmo na sua entrega a Gaza. A segurança nos pontos de distribuição será assegurada por prestadores de serviços privados, enquanto o exército israelense fornecerá segurança remotamente para protegê-los dos combates em curso", disse Huckabee.
Israel bloqueia desde 02 de março a entrada de toda a ajuda humanitária em Gaza, onde é vital para os 2,4 milhões de habitantes. "O Hamas roubou esta ajuda ao povo e lucrou com ela. Usou-a para alimentar a sua máquina de guerra. Usou-a para preservar a sua posição de força, em detrimento da população civil. Se a ajuda continuar a ir para o Hamas em vez ser dada ao povo de Gaza, a guerra nunca terminará", alega Saar.
Há semanas que a Organização das Nações Unidas e ONGs internacionais de ajuda humanitária, como os Médicos Sem Fronteira, alertam para a escassez de alimentos, medicamentos e combustível no território palestino.
Na segunda-feira (12), um relatório divulgado pela ONU indicou que meio milhão de pessoas em Gaza enfrenta um risco de insegurança alimentar aguda e condições catastróficas.
As organizações de ajuda denunciam uma situação dramática. “As taxas de subnutrição estão aumentando em Gaza e a fome pode ter impactos duradouros. Sem alimentos nutritivos suficientes, água potável e acesso a cuidados de saúde toda uma geração será permanentemente afetada, como falta de saúde, atraso no crescimento e desenvolvimento cognitivo prejudicado", segundo Peeperkor, representante da Organização Mundial de Saúde para o Território Palestino Ocupado.
O Programa Alimentar Mundial (PAM) anunciou em 25 de abril que tinha esgotado o seu estoque. Já a ONG Médicos do Mundo (MDM) criticou Israel pelo bloqueio imposto ao território palestino, apontando que a desnutrição aguda em Gaza é usada como arma de guerra. “Não estamos a testemunhar uma crise humanitária, mas uma crise de humanidade e falência moral com o uso da fome como arma de guerra”, acusou Jean-François Corty, presidente do MDM.
O gabinete de segurança israelense estima que há atualmente comida suficiente em Gaza.