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Matheus Souto Maior: entre o discurso e o abismo

O presidente foi honesto ao admitir que erros podem acontecer; o problema é que o Sport já não tem margem para errar de novo

Por Beto Lago

Posse do novo presidente do Sport, Matheus Souto Maior.

O discurso e o abismo

A posse de Matheus Souto Maior, realizada ontem na Ilha do Retiro, não simboliza apenas a troca de um presidente. Ela marca o início de uma travessia perigosa em um dos momentos mais delicados dos 120 anos do Sport. Logo em seu primeiro discurso, o novo presidente tratou de baixar o tom da expectativa. Ao afirmar que a situação financeira e administrativa é “pior do que se sabe”, deixou claro que o buraco é mais fundo do que os relatórios divulgados em campanhas e bastidores. Não é apenas um clube endividado: é uma estrutura cansada, inchada e desacreditada, que vem acumulando erros de gestão ao longo dos últimos anos. A nova administração acerta ao eleger dois pilares como prioridade: futebol e finanças. Mas aqui mora o primeiro grande dilema.

No Sport atual, essas duas áreas não caminham juntas; elas colidem. O futebol exige investimento, planejamento e decisões rápidas. As finanças pedem contenção, responsabilidade e cortes impopulares. Encontrar o ponto de equilíbrio será o maior teste de maturidade da gestão de Matheus Souto Maior. O discurso de compromisso com a torcida foi correto, necessário e simbólico. Transparência virou obrigação, depois de tanto improviso e promessas vazias. No entanto, a arquibancada rubro-negra já não se alimenta de discursos. Ela cobra resultados, coerência e, sobretudo, profissionalismo. O presidente foi honesto ao admitir que erros podem acontecer. O problema é que o Sport já não tem margem para errar de novo. A hora é de trabalho. Para encarar os desafios enormes diante do real abismo que se abriu na Ilha do Retiro.

Sem poder de atração

No futebol, o relógio corre bem rápido. A negativa de alguns treindores expõe uma realidade dura: o Sport perdeu poder de atração. Convencer um técnico a assumir o clube hoje envolve não apenas projeto esportivo, mas garantias mínimas de estrutura, planejamento e estabilidade, coisas raras na Ilha neste ano. A escolha do novo treinador para 2026 será técnica, mas tambémpolítica, simbólica e estratégica.

Novo CEO do clube

A contratação de Felipe Ximenes, com passagens por Flamengo e Santos, para o cargo de CEO do clube é um movimento que aponta para a profissionalização, algo constantemente prometido e pouco executado no Sport. Na gestão de Arnaldo Barros, o clube contou com Fernando Halinski nessa função. Agora, o desafio de Ximenes – presente na posse – será ainda maior, diante do momento em que vive o clube da Praça da Bandeira.

Nome, sobrenome e apelido

No seu discurso, Ademar Rigueira falou que “se ocorrem as eleições diretas que culminam com esta posse, muito se pode atribuir a este conselho e à participação decisiva de vários rubro-negros valorosos.” Não, presidente. O Conselho queria eleição indireta. Quem mudou a história tem nome, sobrenome e apelido: Severino Otávio, Branquinho. E será assim que ficará registrado na história do clube.