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Beto Lago: 'Um dos maiores desafios destes 120 anos de história do Sport Club do Recife'

O novo comandante do Sport encontrará um clube fragilizado, pressionado por dívidas, gastos descontrolados e a necessidade urgente de reorganização

Por Beto Lago

Sede do Sport, na Ilha do Retiro

Enorme desafio
Há uma frase que deveria ecoar como mantra obrigatório na cabeça de qualquer candidato à presidência do Sport: será preciso trabalho e união para estancar a crise estrutural que o clube viverá em 2026. Não é figura de linguagem. É o retrato cru do que o próximo presidente encontrará quando cruzar a porta da Ilha. Conversamos com dirigentes, lideranças internas e fontes de diferentes setores. O diagnóstico converge: uma preocupação grande com a saúde financeira. Todos os três candidatos – Severino Otávio (Branquinho), Matheus Souto Maior e Paulo Bivar – falam em auditoria, investigação e pente-fino. Não por acaso. Ninguém sabe ao certo o tamanho do buraco. O ex-presidente Gustavo Dubeux, em entrevista ao Fórum Esportivo, da Rádio Jornal, jogou luz em um número que deve alarmar o torcedor: os gastos administrativos em 2024 giraram em torno de R$ 50 milhões. E é certo que este valor foi ultrapassado em 2025, impulsionado por receitas mal administradas e despesas extraordinárias. A conta chegou. E chega pesada. Quem assumir o clube no dia 19 de dezembro terá um cofre vazio e cerca de R$ 10 milhões em dívidas imediatas, incluindo folha de futebol e administrativa, parcelas da recuperação judicial, débitos com a Procuradoria-Geral da Fazenda e todo o custeio mensal do Sport. Tudo isso para pagar nos primeiros dias de janeiro. E como contratar, renovar ou montar elenco sem dinheiro? Como reconstruir o time com uma lista de jogadores reprovados com contratos por mais um, dois ou até três anos? O próximo presidente, num mandato-tampão, carrega o peso de um dos maiores desafios dos 120 anos do Sport Club do Recife. Não é apenas gerir: é sobreviver.

Não deixarão saudades
Causou estranheza a declaração do diretor Enrico Ambrogini, afirmando que permanece no clube até 12 de dezembro, data das renúncias de Yuri Romão e Raphael Campos, por falta de alinhamento com as candidaturas. Ambrogini parece não ter entendido. Sua saída não é só por isso. Além das chapas não desejarem a continuidade, o departamento de sua responsabilidade colecionou erros vexatórios. Ele e Thiago Gasparino formaram uma dupla que sintetiza um período de decisões equivocadas e gestão distante do clube. Não deixarão saudade.

Reunião da Comissão
A partir das 16h, na sala do Conselho, ocorre a primeira reunião da comissão de transição — formada pelo conselheiro Alfredo Bertini e três representantes de cada chapa. Esta comissão terá papel central: acompanhar e fiscalizar todo o processo de transição, monitorando renovações, contratações e qualquer movimento no futebol.

Acolhido, assustado e sem ambição
Em alguns jogos neste Brasileiro, sob o comando de Daniel Paulista, o Sport teve a dignidade de encarar os rivais no próprio território. Podia perder, mas jogava. Com César Lucena, o que se vê é um Leão acolhido, assustado, sem ambição. Um time que entra em campo pedindo desculpas por existir. A derrota para o Bahia não surpreende: é consequência de uma equipe sem brio, sem organização e distante da grandeza que a camisa rubro-negra exige de cada