Ex-dirigentes do Sport divulgam carta e pedem renúncia imediata do presidente Yuri Romão
Documento assinado por lideranças critica gestão atual, aponta riscos à Recuperação Judicial e ressalta desejo por eleição direta
Ex-dirigentes e lideranças do Sport que integraram a última gestão de Milton Bivar divulgaram nesta segunda-feira (24) uma carta à imprensa. O documento, assinado por nomes como Augusto Caldas, Manoel Veloso, além dos filhos do ex-presidente (Paulo, Leonardo e Romero Bivar), critica de forma dura a gestão do atual presidente Yuri Romão, defende a convocação de eleições diretas e alerta para riscos à governança e à Recuperação Judicial do clube.
A manifestação ocorre dez dias após o falecimento de Milton Bivar, figura emblemática da história leonina, cuja memória, segundo os signatários, motivou a decisão de romper o silêncio e se posicionar diante do cenário de crise.
Logo na abertura, o grupo afirma ter recebido inúmeras mensagens de carinho pela morte de Milton Bivar e diz que decidiu se pronunciar "em respeito ao legado" deixado pelo ex-presidente e diante de um momento que exige lucidez e firmeza.
Segundo o documento, a gestão de Yuri Romão acumula "desmandos, irresponsabilidades e condutas antiéticas", o que, para os autores, já configuraria motivos suficientes para afastamento do dirigente segundo o próprio estatuto do Sport. A carta expressa que "não é preciso investigação formal" para compreender o prejuízo institucional causado.
Os signatários também afirmam que "o que falta não é norma, é coragem institucional" e classificam como único caminho aceitável a "renúncia imediata e a convocação de eleição direta". Qualquer alternativa, segundo eles, seria considerada ilegítima.
Denúncia de "manobras políticas"
O texto também direciona críticas ao presidente do Conselho Deliberativo e à maioria dos conselheiros, que, segundo os autores, estariam blindando Yuri Romão "mesmo diante de tudo que já foi exposto". Para o grupo, a omissão do Conselho compromete a credibilidade do clube e de qualquer solução futura.
A carta também acusa o grupo político que levou Romão ao poder de tentar articular uma eleição indireta utilizando o nome do ex-presidente Severino Otávio, o Branquinho, "sob o pretexto de pacificação". Eles afirmam que o objetivo seria impedir o voto do sócio, mantendo o poder dentro de um Conselho considerado parcial.
Riscos à Recuperação Judicial e desgaste institucional
A nota ressalta ainda um suposto risco à Recuperação Judicial do Sport causado pela atual instabilidade. Quebras de compromisso, desgaste com credores, prejuízos na operação e instabilidade administrativa seriam sinais de preocupação real, segundo os signatários.
Ao final, os autores da carta afirmam que estão atentos, unidos e mobilizando quadros qualificados dentro e fora de Pernambuco para defender uma ruptura definitiva com práticas consideradas ultrapassadas e prejudiciais ao clube.
Assinaram a carta:
Paulo Bivar; Manoel Veloso; Tiago Petribu; Neco Gayoso; Augusto Caldas; Jair Jaroslavsky; Ricardo Veloso; Jurandyr Gayoso; Leonardo Bivar; Marco Tulio Veras; Camilo Lelis; Eduardo Barbosa de Moraes; Romero Bivar; Geraldo de Souza Araujo Filho; Leonardo Correia de Araújo Vasconcelos; Luiz Gonzaga Pereira Neto; Danilo Vieira; Juliano José Carlos; Edgar Monteiro Neto; Warley Pimentel; Mario Luiz de Oliveira Leite Junior.
Confira a carta completa na íntegra:
Nos últimos dias, recebemos inúmeras mensagens de carinho e solidariedade pelo
falecimento de Milton Bivar.
Agradecemos profundamente a cada uma delas.
Essas demonstrações de afeto revelam, mais uma vez, como a trajetória dele se confunde
com a própria alma do Sport Club do Recife. É justamente em respeito ao legado de Milton, e
com a serenidade que sempre guiou suas decisões, que nos vemos na responsabilidade de
nos pronunciar.
Permanecemos em silêncio até aqui não por conveniência, mas por dever, porque
entendíamos que a hora certa de falar deveria ser aquela em que o Sport mais precisasse de
lucidez, firmeza e respeito institucional. Esse momento chegou.
Hoje, diante de uma crise que preocupa a torcida, abala a confiança e gera apreensão entre
todos que amam o clube, não é apenas apropriado, é necessário que nos posicionemos para
proteger o futuro do Sport.
Sobre os desmandos, irresponsabilidades e condutas antiéticas praticadas pelo atual
presidente, afirmamos: não é preciso investigação formal para compreender a extensão do
prejuízo institucional causado. Qualquer entidade com o mínimo de governança já teria
afastado esse dirigente há muito tempo.
E aqui é preciso ser direto: o estatuto do Sport prevê o afastamento de dirigentes por gestão
temerária, atos lesivos ao patrimônio e condutas que comprometam a integridade do clube.
Todos os requisitos já estão configurados. O que falta não é norma, é coragem institucional.
Diante disso, afirmamos de forma categórica:
Nenhum caminho que não seja a renúncia imediata e a convocação de eleição direta é
aceitável.
Qualquer manobra que tente evitar o voto do sócio é ilegítima e será contestada.
Nos causa profunda estranheza a postura do Presidente do Conselho e da maioria dos
conselheiros, que seguem blindando esse dirigente, mesmo diante de tudo que já foi
exposto. A omissão (ou complacência) dessa cúpula compromete a credibilidade de
qualquer solução futura.
Ainda mais grave é a manobra política articulada pelo grupo que levou esse dirigente ao
poder. Agora tentam apresentar uma narrativa de “pacificação”, usando o nome do expresidente Severino Otávio (Branquinho), figura que respeitamos e que possui trânsito em
todas as alas, mas o verdadeiro objetivo é claro: realizar uma eleição indireta, dentro de um
conselho parcial, para manter o poder e impedir o sócio de decidir.
Chegaram ao ponto de aliciar ex-presidentes com esse falso pretexto. Outros assinaram por
comodidade. Mas a verdade precisa ser dita: enquanto articulam manobras eleitorais,
deixam de cumprir seu verdadeiro dever institucional neste momento crítico: unir as
lideranças do clube para evitar riscos reais à Recuperação Judicial.
Quebras de compromissos, desgaste com credores e parceiros e instabilidade na operação
sinalizam um risco objetivo ao clube. O momento exige grandeza, não arranjos para
salvaguardar grupos.
Nosso movimento está atento, unido e trabalhando. Estamos reunindo quadros qualificados,
dentro e fora do estado, que compartilham da visão de que o Sport precisa romper
definitivamente com práticas ultrapassadas que o paralisaram no tempo.
O Sport é grande demais para práticas pequenas.
É forte demais para atalhos.
É vivo demais para aceitar soluções improvisadas.
Estamos feridos, mas nunca abatidos.
A alma do Sport é maior que qualquer crise.
Para Sempre Será.