Beto Lago: 'Há derrotas que doem. Outras, que ensinam. Mas há aquelas que apenas cansam'
'O Sport joga como quem cumpre tabela, vive como quem espera o fim do expediente'
Lamentos
Há derrotas que doem. Outras, que ensinam. Mas há também aquelas que apenas cansam. E o Sport chegou a este estágio. O time joga como quem cumpre tabela, vive como quem espera o fim do expediente. Não há mais indignação, nem chama. E quando o próprio técnico interino, César Lucena, fala em “falta de motivação” e diz que “ela tem que vir de dentro”, o torcedor entende que a ruína já virou rotina. Falta alma. Falta comando. Falta vergonha. E o campo virou apenas o espelho de uma gestão perdida entre desculpas e estatísticas vergonhosas. Os números, enviados pelo professor Márcio (@oficialnocampo.fc), são impiedosos e contam o que as entrevistas tentam esconder. O Sport tem o pior ataque (22 gols em 31 jogos) e a segunda pior defesa (51 gols sofridos). Somou duas vitórias, ambas sem o tradicional padrão. Não há sequências de vitórias, mas sobram quedas. O time acumula duas séries de quatro derrotas seguidas, sendo o pior mandante (10 pontos em 15 jogos na Ilha) e o pior visitante (sete pontos em 16 partidas). Lucas Lima, símbolo do descontrole e da apatia, é o terceiro jogador com mais cartões amarelos de toda a Série A. E os registros históricos transformam a vergonha em estatística: o Sport caminha para a pior campanha de um clube nordestino na era dos pontos corridos, igualando o América/RN de 2017, que fez os mesmos 17 pontos, mas com quatro vitórias. Também fica abaixo do Náutico de 2013, que somou 20 pontos. Além disso, é o time com maior tempo na lanterna – e que irá superar o Timbu de 2013, que ficou 33 rodadas na última colocação. Longe de explicar o inexplicável, ouvir os lamentos de César Lucena é constatar o tamanho do buraco. O Sport, hoje, não é vítima do acaso. É resultado de más decisões, de improvisos e da ausência completa de planejamento. Um time à deriva, sem comando, sem plano, sem voz.
Sofrimento pela frente
A sequência não dá trégua. O Sport encara, em casa, dois adversários de outro patamar: o Atlético/MG, finalista da Copa Sul-Americana, sábado, na Ilha do Retiro; e o Flamengo, finalista da Libertadores, na Arena de Pernambuco, no jogo polêmico cuja operação foi vendida a investidores. O que esperar desses confrontos? Nada além de mais sofrimento.
Falas confusas
O diretor de futebol Enrico Ambrogini afirmou que o zagueiro Riquelme só passou a ser observado após ele e o executivo Thiago Gasparino o promoverem ao time principal. Curioso. Será que os treinos do Sport estão sendo transmitidos em algum canal secreto? Ou há olheiros rivais assistindo às atividades no CT? Difícil saber. O que é fácil perceber é que as explicações seguem o mesmo padrão do futebol apresentado: confusas, rasas e sem direção.
Indisciplina
A dispensa de Derik Lacerda revelou algo mais grave do que a própria saída do jogador: a possibilidade de outros casos de indisciplina dentro do elenco. Isso expõe um ambiente descontrolado. É claro que, tecnicamente, a ausência de Derik pesa - ainda mais diante da incompetência dos demais centroavantes do elenco. Porém, se tivermos estes episódios, a diretoria leonina tem que agir com a saída do atleta.