Missão 42 pontos: Sport busca virada na Série A após eliminação na Copa do Nordeste
Na briga contra o rebaixamento, Daniel Paulista tenta recuperar identidade competitiva da equipe rubro-negra
A eliminação do Sport nas quartas de final da Copa do Nordeste, na última quarta-feira (9), dentro da Ilha do Retiro e diante do Ceará, foi mais um baque para um time que ainda busca encontrar sua identidade na temporada. Depois do empate em 0 a 0 no tempo normal e da derrota nos pênaltis, o Leão agora precisa virar a chave e focar todas as forças na Série A do Campeonato Brasileiro, onde ocupa a última colocação, com apenas três pontos somados em 11 jogos. Por isso, a partir da retomada da competição, segunda (14), contra o Juventude, em Caxias do Sul, o Leão precisa entrar de cabeça na “Missão 42 pontos”. Ou seja, o Sport tem 27 rodadas para somar essa pontuação e alcançar os 45 pontos, margem quase 100% segura de evitar a queda.
O desafio do Sport, no entanto, vai além da questão tática. O time amarga um jejum de 14 partidas sem vencer. A distância para o primeiro time fora da zona de rebaixamento, o Vitória, é de oito pontos, o que escancara a urgência de uma reação imediata para evitar o rebaixamento à Segunda Divisão.
Na volta do Brasileirão, marcada para a próxima segunda-feira (14), às 20h, contra o Juventude, no Estádio Alfredo Jaconi, a esperança está, principalmente, em uma mudança de postura dentro de campo, algo que já pôde ser notado na atuação contra o Ceará. A equipe rubro-negra se lançou ao ataque desde os primeiros minutos, tentou manter a posse de bola, pressionou o adversário e buscou ser protagonista da partida. A intensidade inicial foi positiva, mas esbarrou na falta de precisão nas definições das jogadas e no cansaço físico evidente no segundo tempo, quando o Vozão equilibrou o confronto.
Mesmo com a eliminação, a atuação deixou sinais de que um novo caminho pode ser trilhado. O próprio capitão e zagueiro Rafael Thyere falou sobre esse momento de transição e dificuldade, mas também de perspectiva.
"Acho que não estamos aqui para negar o momento, que é delicado, um momento difícil. Claro que queríamos encarar esse jogo como uma grande oportunidade para nos classificar, seguir na competição e dar sequência na Série A. Infelizmente, não conseguimos. Se tiver que tirar algo de positivo dessa partida, é a postura, a forma como enfrentamos o jogo. Fizemos uma grande atuação, mas, infelizmente, ficamos fora na decisão por pênaltis. Precisamos dar continuidade a isso para fazer uma reta final forte na Série A e colocar o Sport onde ele merece estar", expressou Thyere.
A missão de Daniel Paulista
A declaração de Thyere reflete o sentimento dentro do clube após a chegada do técnico Daniel Paulista, que inicia sua quarta passagem como comandante do Leão. Agora, mais uma vez, ele tem a difícil missão de livrar o time do rebaixamento. Daniel assume um elenco fragilizado, que herdou de trabalhos turbulentos dos técnicos portugueses Pepa e António Oliveira. Além das más campanhas, o ambiente interno vinha pedindo uma reconstrução na equipe e no clima nos bastidores.
Contra o Ceará, algumas boas atuações também serviram de alento. A dupla de volantes Zé Lucas e Christian Rivera mostrou personalidade e entrega. O atleta de 17 anos se portou com maturidade, mesmo sob a pressão que o clássico nordestino carrega, enquanto o colombiano foi sólido na marcação, apesar de ter desperdiçado um dos pênaltis na decisão.
Por outro lado, a parte ofensiva ainda deixa a desejar. Lucas Lima, escalado aberto pelo lado direito, segue distante da função de criação, e a equipe sente falta de um armador centralizado. Sérgio Oliveira também não conseguiu se destacar e o meio-campo segue como um setor que exige atenção, algo que o treinador precisa corrigir com o que tem no elenco ou indo ao mercado em busca de uma peça ideal.
Além disso, Daniel Paulista carrega a missão de recuperar jogadores que foram alvos de investimentos no início da temporada, mas que ainda não justificaram em campo. Matheus Alexandre, 'Chino' Atencio e Carlos Alberto saíram do banco contra o Ceará, mas estão longe de convencer. Com 27 rodadas restantes no Campeonato Brasileiro, o Sport sabe que não há mais margem para erros.
A parte física também preocupa. O clube tem sofrido constantemente com desfalques por lesões e, diante do Ceará, não contou com o atacante Pablo e o meia Hyoran, ambos vetados pelo departamento médico. O lateral-direito Hereda também chegou a ser dúvida até horas antes da partida, mas foi liberado para jogar.
Reformulação rubro-negra
Com Daniel Paulista, o Sport passa por uma reformulação no elenco. Nomes como os zagueiros Antônio Carlos e Lucas Cunha, o lateral-esquerdo Dalbert, o volante Du Queiroz e o meia Titi Ortiz deixaram de fazer parte dos planos da comissão técnica e estão com o futuro indefinido. O volante uruguaio Fabricio Domínguez, por sua vez, já tem novo destino: irá defender o Cerro Porteño, do Paraguai. O goleiro Thiago Couto, ainda possuindo vínculo com Sport, foi emprestado ao Vitória até o fim da temporada.
Outras saídas também foram confirmadas antes mesmo da paralisação do Brasileirão, como o atacante Arthur Sousa, que rescindiu contrato, e Gustavo Maia, emprestado ao Criciúma com opção de compra. Di Plácido e Lenny Lobato também se despediram do clube recentemente.
Apesar das baixas, o Sport também se movimentou para reforçar o elenco. O goleiro Gabriel Vasconcelos chegou por empréstimo junto ao Vitória, com vínculo até dezembro de 2025. O volante Pedro Augusto, de 28 anos, ex-Fortaleza, assinou contrato definitivo até o fim de 2026. Além deles, foram confirmados o lateral-esquerdo Kevyson, de 21 anos, que vem por empréstimo do Santos, o atacante uruguaio Juan Ignacio Ramírez, de 28 anos, do Newell’s Old Boys, e o meia-atacante Matheusinho, de 27 anos, que estava no Santa Clara, de Portugal.