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Pagador de promessas: Presidente do Santa Cruz cumpre metas de campanha

Reconstrução coral: como Bruno Rodrigues mudou o clube em dois anos

Por Paulo Mota

Bruno Rodrigues, presidente do Santa Cruz

Aclamado presidente do Santa Cruz em 12 de novembro de 2023, Bruno Rodrigues assumiu o clube em meio a um dos contextos mais delicados de sua história recente. Sem grande tradição na política interna do Arruda, o ex-deputado federal e então presidente da Ceasa-PE encontrou um ambiente marcado por disputas internas, atrasos salariais e severa instabilidade financeira e esportiva.

Política interna: união como estratégia
O cenário exigia medidas rápidas, firmes e uma capacidade de articulação incomum para reunir forças que há anos estavam divididas. Logo em seu discurso de posse, Bruno Rodrigues destacou que “o Santa Cruz não aguentava mais briga, mais desunião”, sinalizando o tom conciliador que adotaria ao integrar membros de diferentes grupos políticos à sua gestão, em um movimento que contribuiu para reduzir tensões históricas e estabelecer um ambiente institucional mais estável.

Projeto esportivo: da reconstrução emergencial aos resultados
No departamento de futebol, o retrato era ainda mais crítico. Ao assumir o cargo, o mandatário coral encontrou apenas três jogadores sob contrato, além da ausência de treinador e diretoria de futebol. Em curto prazo, foi necessário reconstruir o elenco praticamente do zero e restabelecer a estrutura básica para competir. Apesar das dificuldades, o presidente conseguiu atingir o principal objetivo da primeira temporada: garantir o retorno do clube ao calendário nacional com a vaga na Série D.

No ano seguinte, os resultados foram ainda mais consistentes, com o Santa Cruz assegurando classificação para a Copa do Brasil e, sobretudo, o acesso à Série C. Embora os títulos não tenham vindo — com um vice-campeonato na Série D e eliminações na semifinal do Campeonato Pernambucano —, o desempenho esportivo é considerado positivo diante das condições encontradas.

Apelos da torcida: fachada e nova fornecedora
Atento às demandas da torcida, Bruno Rodrigues também avançou em promessas de campanha que tinham forte apelo popular. A reforma da fachada do Estádio do Arruda, solicitação recorrente, foi concluída e inaugurada em 9 de maio de 2025. Outra reivindicação dos torcedores era a revisão do contrato com o fornecedor de material esportivo, alvo frequente de críticas. Após estudos e negociações, o clube oficializou, em 01 de dezembro deste ano, uma parceria de três anos com a empresa norte-americana Reebok, que passou a assinar os uniformes tricolores.

SAF: a principal promessa de campanha
A maior bandeira de Bruno Rodrigues, no entanto, sempre foi a implementação da Sociedade Anônima do Futebol (SAF). O processo foi longo, cercado de pressão externa e debates internos, mas o presidente manteve postura firme: segundo ele, estava “blindado” para tomar decisões responsáveis e não ceder à pressão da torcida.

Após meses de reuniões e análises de diferentes modelos, foi apresentada a proposta considerada mais vantajosa: a venda de 90% das ações do futebol à Cobra Coral Participações S/A, em um acordo de um bilhão de reais ao longo de 15 anos. O texto final foi submetido às instâncias internas e recebeu aprovação massiva, com 95,9% dos votos no Conselho Deliberativo e 98,3% entre os sócios, configurando um raro consenso dentro do clube. Agora, restam apenas detalhes para implementação.

Quase dois anos após assumir o comando, Bruno Rodrigues consolida uma gestão caracterizada pelo cumprimento de promessas, diminuição dos conflitos internos, avanços estruturais e recuperação esportiva. De um cenário de crise profunda à pavimentação de um novo modelo de governança, o presidente se firma como o principal responsável por conduzir o Santa Cruz a um processo de reconstrução que parecia improvável quando tomou posse.