Beto Lago: 'Quais os erros mais comuns na hora de planejar uma SAF'
O futebol brasileiro já provou que é craque em vender futuro e entregar fracasso
SAF: erros comuns
Na pressa de se tornarem SAF, muitos clubes brasileiros estão repetindo os mesmos erros que já destruíram gestões no modelo associativo. O discurso dos especialistas até parece bonito: planejamento, visão de futuro, processos definidos. Mas o que nunca se fala é sobre os equívocos que jogam um projeto no lixo antes mesmo de começar. O primeiro erro é a obsessão pelo dinheiro. SAF não é caixa eletrônico, não é cheque em branco. Quando dirigentes, investidores e até torcedores enxergam a SAF apenas como forma de tapar buraco e pagar dívidas, o fracasso é questão de tempo. Quem injeta capital sem projeto de futebol, sem fortalecimento da base e sem gestão profissional, só troca a data da próxima crise. Outro erro crônico é o amadorismo disfarçado de “continuidade”. Muitos investidores, iludidos pelo charme de dirigentes que venderam o clube, acabam mantendo essas figuras em cargos estratégicos. Resultado: mais do mesmo. Política, favores, amizades pesando mais que competência. A SAF exige ruptura, não maquiagem. Colocar cartola velho de guerra para “profissionalizar” só adia o desastre. E há ainda a cegueira em relação à torcida. O maior ativo do clube é tratado como detalhe incômodo. Ignorar a cultura, a história e a paixão que sustentam a instituição é receita certa para conflitos. O torcedor não aceita ser “cliente descartável”. SAF que não respeita arquibancada é fadada à rejeição. Essa transição não é para afobados, nem para aventureiros. Cada decisão precisa de estudo, debate e coragem de romper com velhos vícios. Quem achar que é só assinar contrato e sorrir para a foto, pode preparar o terreno para mais um fiasco. O futebol brasileiro já provou que é craque em vender futuro e entregar fracasso. SAF errada é só mais um capítulo de uma velha novela de ilusão e desastre.
A dor de cabeça
No Náutico, Hélio dos Anjos terá uma semana dura. O que era o setor mais confiável virou a maior dor de cabeça: a defesa. Contra o Guarani, o que se viu foi desatenção, falta de ritmo e falhas grosseiras. Rayan perdeu em posicionamento. Mateus Silva, recém-recuperado de lesão, não aguentou o ritmo forte do ataque bugrino. Para quem sonha com acesso, é inadmissível ter uma defesa que desmonta em noventa minutos.
Quem colocaria em campo?
O problema se agrava com a situação contratual. Mateus Silva só pode jogar no sábado se o Náutico topar pagar R$ 500 mil à Ponte Preta – valor fora da realidade. Carlinhos está fora. João Maistro retorna, mas a dúvida está em quem acompanhará. O lateral Igor Fernandes foi improvisado e se saiu bem no segundo tempo. Já o garoto Índio representa ousadia e sangue novo. Entre o improviso e a promessa, fico com a segunda opção.
Premiação para os clubes
A Fifa vai turbinar os cofres dos clubes que cedem jogadores nas Eliminatórias e Copa do Mundo de 2026. A premiação para quem liberou os atletas saltou para US$ 355 milhões, quase 70% a mais que no ciclo anterior. Mais de 440 clubes no mundo da bola vão se beneficiar.