Cesta básica sobe 9,39% no Recife nos últimos 12 meses e chega a R$ 637,62
De acordo com pesquisa do Dieese, a cesta no Recife consome 45,41% do salário mínimo
A alimentação básica no Recife ficou ainda mais cara nos últimos 12 meses e subiu 9,39%, o que corresponde a R$ 54,72. Os dados foram divulgados na pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), divulgados nesta terça-feira (8). Segundo a pesquisa, em junho a cesta básica chegou a R$ 637,62, o que representa 45,41% do salário mínimo.
O economista e professor universitário da UniFBV, Filipe Braga, destaca o quanto essa essa alta afeta a vida da população. “Para uma família, esse é um valor que impacta demais no orçamento. Lembrando que a gente tem uma grande parte da população que recebe entre zero e dois salários mínimos e essas pessoas vão ter muita dificuldade para manter uma alimentação saudável”.
Apesar de apresentar um aumento de 0,25% no valor da cesta básica em junho, o Recife somou uma alta de 9,39% nos últimos 12 meses. Entre as 17 capitais avaliadas pelo Dieese, a cidade apresentou a maior variação percentual, seguido de vitória, que registrou alta de 8,9% na cesta básica.
O economista aponta que a alta é reflexo da inflação e também de questões climáticas. “Existe uma pressão inflacionária sobre os alimentos muito por conta dessas questões climáticas e fatores que atrapalham a produção. Esse aumento pode ser reflexo de uma mudança na sazonalidade da produção. Ou seja, alguns itens que compõem a cesta básica podem estar num período de produção menor. Além disso, pode haver também uma mudança na logística que pode alterar o valor da produção”, afirma.
Entre os alimentos da cesta básica que subiram no Recife, Braga destaca o preço do leite, que registrou alta de 8,93% nos últimos 12 meses. “O leite é um grande influenciador dessa cesta. É um alimento básico e acaba influenciando bastante o valor da cesta básica”.
Ainda de acordo com ele, a expectativa é de um cenário mais positivo para os próximos meses, de acordo com o comportamento das safras e fatores climáticos. “Pensando em um cenário positivo, ele pode ocorrer com a adequação de sazonalidade de produção. Ou seja, o aumento de produção de algumas safras e talvez um aumento da produção de leite. Isso pode no médio prazo trazer um alívio para as contas e talvez diminuir um pouco da cesta básica”, afirma.
No acumulado dos últimos 12 meses, a alta registrada na cesta básica do Recife foi de R$ 54,72, entre junho de 2024 e junho de 2025, e chegou a R$ 637,62. De acordo com a técnica do Dieese, Jackeline Natal, das 6 entre as 9 capitais da região avaliadas pelo departamento, o Recife tem a segunda cesta básica mais cara do Nordeste, atrás apenas de Fortaleza, que registra o valor de R$735,11.
Variação do preço dos alimentos
No período de 12 meses, os maiores aumentos ocorreram para: o café (+84,29%), a banana (+32,24%), o óleo de soja (+28,20%), a carne (+21,39%), o leite (+8,93%), a manteiga (+6,71%) e o pão francês (+6,29%). Já os alimentos que registraram redução no preço médio foram: o arroz (- 24,96%), o feijão carioca (-16,98%), a farinha de mandioca (-13,92%), o açúcar (-8,78%) e o tomate (-2,85%).