Brasil recebe certificado de livre da febre aftosa reconhecido no mundo
Novo selo deve acelerar a abertura de novos mercados internacionais mais exigentes
A Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) concedeu ao Brasil certificação como livre de febre aftosa sem vacinação. O Presidente Lula recebeu o documento nesta sexta-feira (6), em Paris, durante evento da OMSA. Ele agradeceu o trabalho dos produtores de gado e frigoríficos no Brasil junto ao Mininistério da Agricultura, que o Ministério da Agricultura, e enfaziou que foram "60 anos de trabalho" antes de sermos reconhecidos.
Com a certificação, produtores da agropecuária podem dispensar o processo de vacinação, o qual envolvia transportar o rebanho por um grande percurso, e realizar processos sanitários demorados duas vezes ao ano.
Para o presidente da Federação da Agricultura do Estado de Pernambuco (Faepe), Pio Guerra, o status conquistado pelo país e por Pernambuco foi resultado do esforço conjunto bem-sucedido, além das medidas de fortalecimento da vigilância sanitária e capacitação dos profissionais e técnicos da defesa local. Segundo ele, a partir de agora haverá “uma abordagem mais tecnológica na produção primária e em toda a cadeia produtiva”, profissionalizando ainda mais o setor, com o objetivo de atender a mercados internacionais com qualidade, regularidade de oferta, modernidade dos produtos e preços mais competitivos.
“As exportações reconhecidas da indústria sucroalcooleira e da fruticultura vão corroborar o conceito de qualidade do produto primário pernambucano, e movimentarão nossa infraestrutura portuária, inclusive com a possível ampliação de novas rotas de comercialização que venham dinamizar ainda mais nossas vendas”, destaca Guerra.
Em entrevista ao Diario de Pernambuco, o diretor de comércio exterior da Masterboi, Márcio Rodrigues, lembra do último registro da doença em território nacional, em 2006, no Paraná e no Mato Grosso do Sul, “Da noite para o dia, o Brasil perdeu 56 mercados internacionais”, relata ele. A empresa tem o maior frigorífico de Pernambuco, localizado no município de Canhotinho, no agreste.
Pela característica de rápida disseminação, quando há registro da febre aftosa, são muitas as restrições de comercialização. Além disso, para evitar a propagação da febre, o produtor precisa interditar a área e sacrificar todos os animais.
No Brasil, as ações foram conduzidas de acordo com o Programa Nacional de Vigilância para a Febre Aftosa (PNEFA), com a retirada gradual da vacina e ampliação das zonas livres, além da busca pelo reconhecimento internacional, elevando o patamar do país no setor.
Segundo Márcio Rodrigues, o processo de habilitação para outros mercados, como o do Japão e da Coreia do Sul, tem a tendência de aceleração. Os agropecuaristas também se beneficiam, já que o processo de vacinação envolve “fechar o seu rebanho, passar ele pelo curral, pela mangueira, aplicar a vacina”, duas vezes ao ano, um processo oneroso em que o animal pode se machucar.
Além disso, a vacina pode causar reações no músculo onde ela é aplicada, e depois “é encontrada como uma inflamação, e muito da carne em torno dessa inflamação tem que ser toda removida, causando prejuízo tanto para o produtor quanto para a indústria”, enfatiza ele.
O secretário estadual de Desenvolvimento Agrário, Agricultura, Pecuária e Pesca do Governo de Pernambuco, Cícero Moraes, explica que as ações incluíram o cadastro e geolocalização de cerca de 70% dos estabelecimentos rurais, além da implementação de um sistema completo de monitoramento de eventos pecuários, fluxo de animais e inspeções em animais suspeitos, com coleta de amostras para análise laboratorial, com a coordenação da secretaria e da Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária do Estado de Pernambuco (Adagro).