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Gestão: a alavanca invisível que transforma e sustenta a educação pública

Vinicius Brum
Vice-presidente para Educação e Serviços Públicos da Falconi

Por Diario de Pernambuco

Média estadual no Ideb do Ensino Médio foi de 4,4 em 2021

Quando lideranças públicas analisam o desempenho da educação em suas cidades, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) é um indicador crucial, pois revela, inequivocamente, se houve avanços ou não no ensino em determinado período. Entretanto, o avanço no índice, por si só, não garante que tudo esteja bem encaminhado em termos de desempenho escolar e aprendizado dos alunos. É necessário cruzar os resultados do Ideb com outros indicadores que mostrem progresso na trilha traçada pelo município rumo à excelência educacional em curto, médio e longo prazos.

Costumo usar uma analogia com corridas de automóveis em encontros com gestores públicos: você pode ter um carro refinado, com motor potente e aerodinâmica impecável. Sua equipe pode vencer corridas, mas, sem compromisso com a evolução contínua do veículo, será ultrapassada em algum momento.

Muitas cidades cometem esse erro com o Ideb: resolvem gargalos educacionais e, em um ano, alcançam bons resultados. No entanto, o índice reflete a média de desempenho de toda a rede pública. Se os esforços não forem direcionados de forma contínua às escolas com desempenho abaixo da média, o desenvolvimento educacional será comprometido, puxando para baixo a qualidade do ensino e a posição no ranking.

Apesar da analogia, é importante lembrar que educação não é uma corrida. É o principal caminho para uma sociedade mais justa e equilibrada. Países com altos níveis educacionais apresentam melhores índices de inovação, produtividade, competitividade e crescimento econômico.

Uma educação pública forte forma a força de trabalho qualificada que movimenta todos os setores da economia. Além disso, contribui para a redução da violência e para melhores condições de saúde. Segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas, um país que melhora a qualidade de suas escolas pode aumentar o PIB em até 2,2 pontos percentuais ao ano.

Como manter a educação em constante avanço, de forma sustentável? A resposta está no tripé: gestão, tecnologia e processos. Gestores que seguem essa abordagem criam mecanismos para obter dados em tempo real e identificar os obstáculos à excelência educacional e ao aprendizado efetivo. Isso se torna uma alavanca para o presente e o futuro da educação municipal.

Exemplos não faltam. Em 2024, a prefeitura do Rio de Janeiro deu saltos na qualidade do ensino ao implementar uma política pública focada em gestão, com planejamento e acompanhamento de metas e indicadores em todos os níveis da rede. A iniciativa envolveu tecnologia, capacitação de lideranças e ferramentas de monitoramento. Sem medir, não é possível gerenciar melhorias nos modelos pedagógicos, considerando as diversas realidades sociais e geográficas da rede pública.

A cidade teve o maior crescimento percentual no Ideb entre as capitais brasileiras. A rede municipal subiu da 14ª para a 8ª posição nos Anos Iniciais e da 11ª para a 5ª nos Anos Finais. Mais que um marco no índice, o legado está na continuidade: o município está focalizando esforços nas escolas com desempenho inferior, garantindo que nenhum aluno fique para trás. Isso é sustentabilidade.

Em nível estadual, o Mato Grosso também se destacou. Com um projeto que capacitou mais de 750 gestores e formou 100 multiplicadores, além da adoção de tecnologia para monitoramento, o estado avançou no ensino médio, subindo do 19º lugar em 2021 para o 8º em 2024 no Ideb.

Essas mudanças vão além de ações pontuais, como instalar ar-condicionado nas salas. Medidas assim são importantes, mas insuficientes para transformar o ensino. É na boa gestão, com processos bem desenhados, foco nos problemas centrais, equipes capacitadas e apoio tecnológico, que se criam as condições para mudanças sustentáveis e escaláveis. Essa é a alavanca que, quando acionada com método, move a educação rumo à excelência — e a mantém em constante ascensão.