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A diplomacia no Metaverso

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 O Metaverso é um tema que tem despertado muita curiosidade. O conceito apareceu pela primeira vez em 1992, na novela Snow Crash, do escritor norte-americano Neal Stephenson. Ali, ele descreveu uma espécie de espaço virtual coletivo e convergente com a realidade. 

E é assim que o Metaverso tem sido compreendido: um tipo de mundo virtual que tenta replicar a realidade através de dispositivos digitais. Uma mistura de "realidade virtual", "realidade aumentada" e "Internet".

É neste espaço, que empresas e governos estão pagando fortunas por terrenos. Durante a COP27, por exemplo, o país insular Tuvalu anunciou que replicará suas ilhas e pontos turísticos no Metaverso para garantir sua sobrevivência diante do risco de submergir em 20 ou 30 anos. Bem antes, em 2021, Barbados, país caribenho, comprou terreno no Metaverso para instalar ali sua embaixada.

Especialistas

Mas como serão essas relações internacionais num ambiente como este? No podcast Diario Econômico desta semana, que você ouve pelo Spotify ou assiste pelo Youtube, converso sobre o tema com o cônsul da Eslovênia, Rainier Michel, e com Marcello Bressan, futurista e professor do Cesar School.

Iperid

Os dois também integram o Instituto de Pesquisas Estratégicas em Relações Internacionais e Diplomacia, o Iperid, que tem sede em Recife. Rainier Michel é o presidente e Marcello Bressan, Head de Inovação e Empreendedorismo.

Diplomacia

O cônsul da Eslovênia diz que o Metaverso tem sido tema de muitos debates no mundo diplomático. “Há uma grande preocupação com a questão das leis internacionais, como conflitos e limites podem ser administrados, porque o tecido diplomático foi construído num mundo offline”, lembra Rainer Michel.

Maldivas

Seja como for, as relações diplomáticas já acontecem no Metaverso. Antes de Barbados e Tuvalu fazerem seus movimentos, em 2014, as Maldivas realizaram o primeiro congresso sobre mudanças climáticas numa plataforma de Metaverso. As possibilidades são enormes. Barbados que até levar os avatares para viagens globais. 

Inconsistência

Para Marcello Bressan, o problema é que há muita inconsistência em torno do tema: “Muitas marcas estão correndo para o Metaverso para realizar suas experiências e isso acaba criando bolhas”, ressalta. Ele diz que hoje qualquer empresa pode pedir a um estúdio para criar o seu Metaverso. 

Posso voar!

A questão é que esses “Metaversos particulares” não correspondem ao que de fato seria o Metaverso. Daí as “bolhas” citadas por Bressan. Porque, para ser Metaverso, todos deveriam estar juntos num só ambiente, onde iriam interagir simultaneamente. “Mas não temos tecnologia ainda para isso”, ressalta o futurista.