Amazônia brasileira precisa de sete bilhões de dólares anuais para evitar colapso
O documento pede que o Brasil assuma um papel de liderança e um pacto global para a captação de investimento
Nesta sexta-feira (4), organizações, centros de pesquisa e lideranças civis enviaram um documento ao embaixador brasileiro e presidente da COP30, André Correa do Lago, e à Secretária Nacional de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas do Brasil, Ana Toni. O documento pede que o Brasil assuma um papel de liderança e um pacto global para a captação de investimento de 7 bilhões de dólares anuais para evitar o colapso da Amazônia além de assinalar a urgência de mobilizar recursos para proteger a região, redirecionar subsídios e garantir financiamento direto para os povos originários.
"De forma alarmante, os fluxos financeiros atuais estão muito aquém de evitar esta crise. O Banco Mundial estima que 7 bilhões de dólares sejam necessários anualmente para proteger a Amazônia, mas apenas 5,81 bilhões de dólares foram mobilizados entre 2013 e 2022. Os signatários da carta ressaltaram que a maior floresta tropical do mundo enfrenta um momento crítico já que mais de 17% da floresta em território brasileiro já foi desmatada e 31% está degradada. A perda de mais 5% da vegetação pode levar a um ponto de não retorno, com a conversão irreversível da Amazônia em savana", alertaram.
O documento, assinado pela Conservation Internacional, The Nature Conservancy, Rainforest Trust, Field Museum, Amazon Concertation, Andes Amazon Fund, Ipam Amazônia e o Painel Científico para a Amazônia, destaca que o país tem uma chance histórica, uma vez que irá sediar em novembro, em Belém, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), para evitar que a Amazônia chegue a um ponto de não retorno. "A primeira COP do clima a ser realizada na maior floresta tropical do mundo deve assumir compromissos concretos de apoio financeiro e político para que a Amazônia e as demais florestas tropicais do planeta continuem a armazenar e capturar carbono com segurança. É essencial fortalecer os guardiões da floresta, os povos indígenas e as comunidades locais, não apenas pelo futuro deles, mas por toda a vida na Terra", concluiu James Deustch, CEO da Rainforest Trust.
As organizações solicitaram também que o Brasil estimule uma coligação que mobilize recursos, governos, bancos de desenvolvimento, empresas e grandes fundações, garantindo que o dinheiro chegue a iniciativas que mantenham a floresta em pé e fortaleçam as comunidades que vivem e cuidam dela. "Direcionar recursos financeiros substanciais e imediatos para a preservação da Amazônia precisa ser reconhecido como uma estratégia climática urgente para evitarmos as piores consequências do aquecimento global", destacou Rachel Biderman, vice-presidente sênior para as Américas da Conservação Internacional, uma das organizações responsáveis pela elaboração das recomendações.
"A floresta amazônica gera um valor anual de pelo menos 317 bilhões de dólares. Essa lacuna de financiamento reflete uma falha global mais ampla: as soluções baseadas na natureza recebem apenas 3% do financiamento climático para mitigação e 11% para adaptação, apesar de oferecerem 30% da mitigação necessária até 2030", acrescenta o texto das entidades.
Com 6,5 milhões de quilômetros quadrados, a Amazônia abriga 13% das espécies conhecidas no planeta, 20% da água doce superficial e cerca de 47 milhões de pessoas incluindo mais de 400 povos indígenas. Fundamental para o equilíbrio climático mundial, a floresta Amazônica armazena entre 150 e 200 bilhões de toneladas de carbono, o que equivale a 15 a 20 anos de emissões globais de dióxido de carbono.