Tuta, líder do PCC preso na Bolívia, já substituiu Marcola e fingiu a própria morte
Condenado por tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, Marcos Roberto de Almeida, o Tuta, é líder do PCC e foi capturado com documento falso na Bolívia

Preso na Bolívia na última sexta-feira (16), Marcos Roberto de Almeida, o Tuta, é considerado um dos principais chefões do Primeiro Comando da Capital (PCC), a maior facção criminosa do país, e constava na lista de difusão vermelha da Interpol.
Tuta foi o principal alvo da Operação Sharks, deflagrada pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) em setembro de 2020 e figurava na lista de bandidos mais procurados do Brasil há 5 anos.
Segundo a promotoria, ele era responsável por comandar o envio de R$ 1,2 bilhão do PCC para o Paraguai, através do esquema de “dólar cabo”, técnica de lavagem de dinheiro. O esquema envolvia, ainda, o transporte de 15 toneladas de cocaína por ano.
Àquela altura, Tuta havia ascendido ao posto de número 1 do PCC nas ruas, de acordo com o MPPE. Ele teria assumido a alta patente após o vácuo deixado pela transferência de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, o líder-máximo do grupo, para o sistema penitenciário federal.
A Operação Sharks, no entanto, não conseguiu capturá-lo e Tuta permaneceu foragido desde então. Em 2023, a mulher e filhos dele também foram alvo de uma nova ação policial, por suposta ocultação de bens oriundos do narcotráfico.
Em liberdade, o líder do PCC levava uma vida de luxo, com festas em casas na praia e viagens de jatinho, segundo a promotoria. Só essa última investigação MPSP conseguiu bloquear uma série de bens atribuídos a Tuta – entre eles, quatro imóveis, incluindo um apartamento de alto padrão no Morumbi, área rica da capital paulista.
Quem é Tuta
No Brasil, o chefão do PCC já é condenado a 12 anos de prisão por crimes de tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Entre 2018 e 2019, ele chegou a exercer o cargo de adido comercial no Consulado de Moçambique, em Minas Gerais, com salário de R$ 10 mil. Ele conseguiu o posto oficial mesmo já sendo considerado a principal voz da facção nas ruas, de acordo com a promotoria paulista.
Três anos depois, uma investigação também apontou que Tuta teria se desentendido com outras lideranças do PCC e até sido expulso da facção. Nos bastidores, ele chegou a ser dado como morto – mas o corpo, obviamente, nunca havia sido encontrado.
Hoje, os investigadores acreditam que a informação era falsa e foi plantada para despistar a polícia e afrouxar a caçada contra o criminoso.
Prisão
Na semana passada, Tuta foi preso ao comparecer a uma unidade policial boliviana, para tratar de questões migratórias, e apresentar um documento falso, em nome de Maycon da Silva. A Interpol e um oficial da Polícia Federal (PF) foram acionados na hora.
O país é apontado como o principal produtor da cocaína comercializada pelo PCC. Atualmente, investigadores acreditam que outras lideranças da facção também estejam escondidas na Bolívia.