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Projeto de audiodescrição 'Recife para Todos Verem' amplia acesso à arte

Trabalho desenvolvido pela arte-educadora Lúcia Padilha Cardoso, Recife para Todos Verem disponível a partir de hoje no site do 'Recife Arte Pública'

Por Andre Guerra

A ideia de retomar o Centro do Recife como um espaço de acolhimento, a partir da diversidade artística e cultural, é apenas o começo do que moveu Lúcia Padilha Cardoso a desenvolver, há 13 anos, o projeto Recife Arte Pública. Mapeando as obras que tanto marcam a identidade da cidade, a iniciativa levou a arte-educadora pernambucana a perceber, por meio do contato com uma aluna cega, a necessidade de tornar as peças acessíveis a pessoas com deficiência visual. Assim surgiu o projeto Recife para Todos Verem.

A partir de hoje, a audiodescrição gratuita de mais de trinta obras que compõem o cenário recifense pode ser acessada por meio do site do projeto, que, em seu audioguia, sugere sete percursos a serem feitos em caminhadas pelo Bairro do Recife, Santo Antônio, Santo Amaro e Boa Vista. Com informações e notas introdutórias que descrevem as peças e a importância de cada espaço, além de explicações a respeito dos artistas, as faixas de áudio selecionam monumentos, esculturas, murais e grafites que se misturam às paisagens urbanas e frequentemente podem passar despercebidos.

“Foi e segue sendo desafiador fazer esse mapeamento, porque a cidade está sempre se transformando e, naturalmente, novas obras de arte e instalações estão sendo criadas”, conta Lúcia, em entrevista ao Diario. “No caso do Recife para Todos Verem, fizemos esse recorte de núcleos e conjuntos de obras com a intenção de realizar uma segunda edição do projeto, incorporando outros conjuntos em diferentes bairros, que também merecem essa proposta”.

 

As audiodescrições foram elaboradas por Vanessa Marques e Luanna Brennand, da Ferva Acessibilidade, e contaram com consultorias de Roberto Cabral e Michell Platini, que têm deficiência visual. O projeto foi realizado pela equipe do Recife Arte Pública, em parceria com a Lupa Cultural e a Ferva Acessibilidade e contou com incentivo da Lei Paulo Gustavo, por meio do Edital Recife Criativo da Prefeitura do Recife.

A idealizadora destaca ainda que o Recife se diferencia de vários outros municípios pela quantidade de referências feitas a movimentos libertários, em contraponto a capitais que homenageiam figuras, no mínimo, controversas. “Nossa cidade é incrível para fazermos esse trajeto por obras de arte, por conta das tantas homenagens que temos a revolucionários, por exemplo, mas também a figuras mais simples, que não são necessariamente grandes heróis”, aponta. “É uma grande aula de arte e história, além de uma valorização dos diversos artistas que colocam sua arte a serviço do olhar e do conhecimento da população", complementa Lúcia.