° / °
Cadernos Blogs Colunas Rádios Serviços Portais

Estrela da peça 'Sonho Elétrico', Jesuíta Barbosa se declara ao Recife: 'Este lugar também é meu'

Ator pernambucano Jesuíta Barbosa retorna aos palcos após seis anos com a peça 'Sonho Elétrico', que entra em cartaz nesta sexta-feira (12) no Teatro de Santa Isabel e segue até domingo (14)

Por Allan Lopes

Espetáculo 'Sonho Elétrico' é estrelado por Jesuíta Barbosa, Jessyca Meyreles, Idylla Silmarovi e Cleomácio Inácio.

Com a escalada das catástrofes ambientais, parece cada vez mais razoável concluir que o espaço mais seguro, quiçá o único, ainda é aquele que habita nossos sonhos. É nesse sentido que a Companhia Brasileira de Teatro provoca o público a refletir sobre a importância de sonhar coletivamente com o futuro da vida no espetáculo Sonho Elétrico, estrelando o pernambucano Jesuíta Barbosa e escrito e dirigido por Márcio Ribeiro. A peça chega ao Recife em uma curta temporada, nesta sexta-feira (12) e sábado (13) no Teatro de Santa Isabel, às 20h, e no domingo (14), às 18h.

Em Sonho Elétrico, Jesuíta interpreta um integrante de uma banda que é atingido por um raio ao final de um show. Em estado de coma, o protagonista navega pelo limiar entre a vida e a morte, revisitando memórias, sonhos e a possibilidade de despertar para um novo recomeço.

A narrativa se desenvolve como um percurso sensível na mente de um artista, servindo como metáfora para a iminência do fim e as oportunidades de transformação que podemos ter enquanto comunidade planetária.

O espetáculo estabelece diálogo com a obra e a interlocução do neurocientista, capoeirista e escritor Sidarta Ribeiro, partindo de seu livro Sonho Manifesto: Dez Exercícios Urgentes de Otimismo Apocalíptico. Na publicação, Sidarta constrói pontes entre o popular, a ciência e o imaginário“. São territórios essenciais que estão em disputa no mundo atual. Se não os ocuparmos, quem o fizer buscará nos eliminar”, alerta o diretor Márcio Ribeiro, em conversa com o Diario. O trabalho faz parte de uma ampla pesquisa, que inclui Ao Vivo [Dentro da Cabeça de Alguém] e uma terceira peça com estreia prevista para 2026.

Em um mundo que até sonhar virou artigo de luxo, Jesuíta Barbosa afirma que trabalhar esse tema é um privilégio artístico e, sobretudo, uma manifestação política. “É um território do qual estamos cada vez mais distantes”, destaca. Márcio pontua que o repertório corporal e vocal do ator é um dos pilares que dá espessura à atmosfera onírica da peça. “É uma figura excelente para se trabalhar e dotado de muitos recursos artísticos”. Ao lado dele, também estarão em cena Jessyca Meyreles, Idylla Silmarovi e Cleomácio Inácio.

Para Jesuíta, este momento também significa uma reconexão com o teatro após seis anos longe. Nesse intervalo, conquistou reconhecimento nacional na televisão com a novela Pantanal e no cinema com Homem Com H, a aclamada cinebiografia de Ney Matogrosso. Ainda assim, mantém vivo o vínculo com a linguagem que forjou sua identidade a partir dos dez anos de idade, em Fortaleza “Teatro é o lugar da maior, e talvez a mais importante, experiência de troca entre o artista e quem está assistindo”, crava.

O retorno aos palcos se estende também ao reencontro com o Recife. Jesuíta, nascido em Salgueiro e criado em Parnamirim, ambos municípios do Sertão pernambucano, quase não pôde conhecer a capital na infância. Hoje, é pelo teatro que ele finalmente se aproxima da cidade. “A vontade de reconhecer e encontrar esse lugar, que também é meu, é muito grande”, diz o ator. “Eu não deixo de pertencer ao Recife e a Pernambuco como um todo”, completa.