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Urias apresenta o álbum 'Carranca' em estreia no Festival Coquetel Molotov

Cantora mineira Urias apresenta o álbum Carranca em show no Festival No Ar Coquetel Molotov, misturando novo repertório com antigos sucessos que alavancaram sua carreira

Por Allan Lopes

Cantora mineira Urias se apresenta pela primeira vez no Festival No Ar Coquetel Molotov

Reconhecido como um dos principais termômetros da vanguarda e dissidência artística no Brasil, o Festival No Ar Coquetel Molotov irá receber, no próximo sábado, a metamorfose pessoal e musical de Urias em seu novo álbum Carranca. Através de uma conexão ancestral que redefine seus caminhos artísticos, a cantora e compositora mineira irá guiar o público por um universo sonoro onde convergem as grandes tensões humanas, como a busca por liberdade, o clamor pela justiça e a redenção por meio do amor.


Na cultura afro-brasileira, a carranca é uma figura ligada a Exu – o orixá mensageiro que conecta os planos material e espiritual – tradicionalmente esculpida em embarcações e portões para proteção. Urias traz para sua música a função de proteger a ancestralidade e, ao mesmo tempo, ser a ponte que trafega entre o passado e o futuro. “Recontar essa história e trazê-la à tona de novo é um jeito de deixar uma sementeira para os próximos que vierem”, explica a cantora, em conversa exclusiva com o Viver.


Sucedendo Fúria e Her Mind, trabalhos que a projetaram nacionalmente, Carranca surge como o desdobramento da jornada de autoconhecimento de uma artista em constante busca por renovação. “Sendo alguém completamente diferente, não fazia sentido trazer algo que não me representasse”, diz. O álbum estrutura essa travessia em três interlúdios. No primeiro, Urias apresenta a ideia de uma liberdade falsa, inacessível. O segundo aprofunda o tema pela via da vingança como caminho possível. O terceiro e último fecha o ciclo com o retorno simbólico à Etiópia, sua Mãe Terra, onde a liberdade é plena e verdadeira.


Ao realizar uma mudança que foi não apenas estética e temática, mas também profundamente sonora, Urias encontrou na confiança do seu público o respaldo para abandonar o pop eletrônico e mergulhar em outros ritmos como funk, R&B e MPB. “Isso me deixa muito mais confortável para criar e experimentar”, sublinha. A turnê recém-iniciada materializa essa liberdade criativa no palco, onde a formação com banda ao vivo introduz uma nova dinâmica e abre caminho para a constante redescoberta musical da artista.


A apresentação consolida a relação de Urias com o Recife, cidade que já a recebeu em eventos como o Reveião Golarolê, em 2023, e o Rec-Beat, em 2024. O público aguarda com expectativa seu tão aguardado retorno, que também marca a estreia da cantora no Molotov, e o sentimento dela é recíproco. “Foi onde eu mais me senti uma grande popstar”, exalta. “Quero corresponder a essa energia e trazer algo à altura”, promete Urias.


No palco do festival, a promessa se cumpre através de um repertório que honra tanto sua evolução quanto sua história. Ela apresentará as 14 faixas que compõem Carranca, incluindo A Liberdade, Deus e Quando a Fonte Secar, ao lado de sucessos consagrados como Diaba, Tudo Meu e Explícito. O setlist reflete, portanto, sua nova fase, mas preserva as bases que a tornaram uma das vozes mais potentes e originais de sua geração.