Artista Gentil Porto Filho inaugura exposição 'Setor Quaternário' no Recife
'Setor Quaternário', de Gentil Porto Filho, substitui a luz cenográfica por iluminação fria de ambiente corporativo
O artista, arquiteto e professor de artes no Departamento de Design da UFPE, Gentil Porto Filho, apresenta sua primeira exposição artística individual em galeria, "Setor quaternário", a partir do dia 4 de dezembro, às 19h, na Cecí Galeria, localizada na Jaqueira, Zona Norte do Recife. A mostra fica em cartaz até o final do ano, com entrada gratuita.
Seu trabalho se destaca principalmente por ações em espaços públicos, fotomontagens, videoperformances e edições de periódicos e livros artísticos. Nascido em Floresta, no Sertão de Pernambuco, em 1969, Gentil propõe uma reflexão crítica sobre os próprios sistemas da arte e do mercado.
Explorando os códigos da expografia, dos rituais de visitação em museus e galerias e até dos modos de precificação das obras, Gentil convida o público a repensar o valor, a materialidade e o consumo da arte contemporânea, transformando a galeria em um local que remete à produtividade e à alta performance de escritórios, fábricas ou hospitais.
No espaço de 20 m² da galeria, comandada pela também arquiteta Cecília Ribeiro, o artista transforma completamente a experiência tradicional de uma mostra. O ambiente estará tomado por uma iluminação branca e fria, típica de salas corporativas, que substitui a luz cenográfica usual das exposições. Em meio ao branco das paredes e à ausência de obras penduradas, uma grande mesa branca ocupa o centro do espaço. Sobre ela, quatro séries de objetos gráficos: Jacarta, Vitória, Mauna Loa e Saturno.
Cada série remete a um dos quatro elementos clássicos da natureza: terra (Jacarta, a capital da Indonésia com milhões de habitantes e que afunda lentamente), água (Vitória, o lago africano que é um dos maiores do planeta e banha três países - Uganda, Quênia e Tanzânia), fogo (Mauna Loa, o maior vulcão ativo do mundo) e ar (Saturno, planeta gasoso composto principalmente por hidrogênio e hélio).
Esses lugares podem funcionar como metáforas de colapsos e transformações. Gentil não pretende comunicar conteúdos pré-estabelecidos, nem dirigir experiências. "A arte não tem a ver com comunicação de mensagens, mas com a construção de experiências inesperadas e imprevistas pelo próprio artista", diz, quando perguntado sobre que efeitos ou reflexões que espera dos visitantes.
"É um trabalho também de autocrítica. A arte criticando a própria arte, a arte criticando o próprio campo da arte", analisa. Em "Setor quaternário", ele explora as próprias condições de viabilidade da arte contemporânea, usando materiais de baixo custo e baixa tecnologia e reduzindo as mediações tecnológicas.
Durante a abertura, o artista realizará uma ação no espaço, interagindo com o público. "Vamos ter objetos expostos e uma ambiência. Estou propondo modos de visualização de objetos, de espaços e de usos do corpo também", conclui Gentil, que se reconhece como um artista multimeios.
As obras estarão à venda. A exposição fica em cartaz na Cecí Galeria até 24 de dezembro, com horário de visitação de segunda a sábado, das 14h às 18h, ou com agendamento.