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Cinema São Luiz recebe pré-estreia do documentário 'Ave Sangria - A Banda que Não Acabou'

Documentário dirigido por João Cintra e Mônica Lapa revisita os 53 anos da banda e expõe o caso da música 'Seu Waldir'

Por Allan Lopes

Banda Ave Sangria ganha documentário sobre a sua trajetória

O documentário Ave Sangria - A Banda que Não Acabou, dirigido por João Cintra e Mônica Lapa, ganha pré-estreia no Recife neste domingo (30), às 16h, no Cinema São Luiz, celebrando a história de uma das formações mais marcantes da psicodelia nordestina.


A obra revisita os 53 anos do surgimento da banda recifense Ave Sangria, ícone da contracultura e símbolo de resistência artística durante os anos de repressão da ditadura militar. Em um período em que censura, proibições e perseguições faziam parte do cotidiano cultural brasileiro, o grupo ousou desafiar o status quo com estética própria, experimentalismo e atitude ousada que ecoou entre jovens que buscavam novas formas de expressão em Pernambuco.


O filme resgata momentos fundamentais dessa trajetória, incluindo o episódio de censura envolvendo a canção "Seu Waldir", composta originalmente para Marília Pêra interpretar em uma peça musical.
No disco de estreia da banda, a música ganhou projeção imediata até ser proibida por um censor que alegou tratar-se de "amor homossexual" quando interpretada por Marco Polo. A arbitrariedade determinou o recolhimento do álbum e marcou profundamente o destino da Ave Sangria, transformando o grupo em um símbolo das violências cometidas contra a produção


No documentário, os dois remanescentes da formação original – Marco Polo e Almir de Oliveira – percorrem rodovias de Pernambuco na emblemática Rural de Roger de Renor, numa viagem até Fazenda Nova, revisitando memórias, reencontrando lugares e revelando bastidores que atravessam cinco décadas de criação, rupturas e permanências.


A narrativa combina depoimentos, imagens de arquivo e a atmosfera sensorial característica da banda, conduzida por um roteiro assinado por Adriana Falcão, Caio Tozzi, Matheus Torreão, Matheus Dhalia, Mônica Lapa, Paulo Guimarães e Mair Tavares. A fotografia e câmera são de Beto Martins, a montagem de Mair Tavares, o som direto de Guma Farias e o desenho de som de Kiko e mixagem Gera Vieira e Carlinhos Borges (Carranca Estúdio). A produção é da Beluga Produções e pesquisa de Roger de Renor.


Agora, no palco emblemático do Cinema São Luiz, o documentário retorna ao território onde tudo começou celebrando não apenas a música da Ave Sangria, mas também a coragem, a rebeldia e a poesia de uma geração que enfrentou a opressão com arte e liberdade. "Ave Sangria – A Banda Que Nunca Acabou é mais que um registro: é um testemunho de resistência e um reencontro com a memória viva da cena cultural pernambucana", observa a diretora Mônica Lapa.