Terror brasileiro 'O Porão da Rua do Grito' ganha sessão especial no Recife
Estreia na direção de Sabrina Greve, 'O Porão da Rua do Grito' ganha exibição especial no Cinema São Luiz, neste domingo (30)
Em um enorme casarão de São Paulo vivem Jonas (Giovanni de Lorenzi) e Rebeca (Carol Marques da Costa), um casal de irmãos preso a um passado trágico: anos antes, seus pais morreram em um incêndio que atingiu o local — cuja causa parece mais sombria quanto mais se toca no assunto. A tentativa de romper esse ciclo de maldições e escapar da pesada energia do imóvel move a irmã, mas uma presença misteriosa atravessa o caminho dos dois e os arrasta de volta para uma espiral incontornável de violências.
O Porão da Rua do Grito, que ganha uma sessão especial no Cinema São Luiz neste domingo (30), às 18h30, é a estreia em longa-metragem da diretora Sabrina Greve, cuja carreira de atriz é marcada por filmes de horror e afins há muitos anos, como o curta O Duplo (2012), de Juliana Rojas, e os longas Quando Eu Era Vivo (2014), de Marco Dutra, e Clarisse ou Alguma Coisa sobre Nós Dois (2015), de Petrus Cariry. “Sempre fui fascinada por produções do gênero e sei que foi bastante ousado, da minha parte, fazer, no primeiro longa, um filme de terror, mas adorei me lançar nesse desafio”, conta em entrevista ao Viver.
Sentimentos de abandono, orfandade, ciclos de agressões e traumas de infância estão entre os temas explorados pela obra, que conta com a participação especial do jovem ator pernambucano Nycolas França, no papel da criança que aparece no porão. “Ele foi incrível no set. Tinha energia o tempo todo para fazer as cenas e entregou um trabalho lindo”, elogia Sabrina.
O ator mirim não é o único DNA pernambucano em O Porão. A trilha sonora, composta por Mateus Alves (de O Agente Secreto), é descrita por Sabrina Greve como essencial para a construção da atmosfera tétrica do projeto. “A música é tudo em um filme de terror, ou, em alguns casos, a ausência dela. Aprendi fazendo este filme como certos clichês, como a técnica do jump scare (susto), são bem mais difíceis de fazer funcionar do que parecem, e a sonoplastia é primordial nisso. O trabalho de Mateus foi decisivo”, destaca.
O enredo original do longa era bem mais expansivo e envolvia diversas locações, mas, por conta da pandemia, a diretora e roteirista precisou concentrar toda a trama na grande casa dos irmãos. “Nosso filme foi um dos primeiros no Brasil a conseguir liberação para rodar durante a pandemia. Naquele momento não tínhamos nem vacina ainda, então tivemos de seguir todos os protocolos de segurança de maneira muito rígida”, revela a cineasta.
No cinema de terror, porém, as limitações muitas vezes impulsionam o êxito — e O Porão da Rua do Grito talvez tenha se beneficiado justamente disso. “Acho que o fato de termos focado tudo nessa casa deixou o clima ainda mais claustrofóbico. Terror é um gênero pelo qual tenho muito carinho, e me deixa feliz ver tantos diretores e diretoras se aventurando nele no Brasil nos últimos anos”, completa Sabrina.