Artista Marlan Cotrim inaugura exposição ‘C’ na Galeria Amparo 60
Marlan Cotrim dialoga com ciência e história na exposição individual que fica em cartaz até 23 de janeiro.
A artista Marlan Cotrim apresenta sua primeira exposição individual no Recife, "C", na Galeria Amparo 60. A mostra, com curadoria de Ariana Nuala, é um mergulho profundo em uma pesquisa material e conceitual que tensiona processos de apagamento e inscrição da memória. A abertura acontece nesta quinta-feira (27), às 19h, na Galeria Amparo 60, localizada no 3º andar da Dona Santa. A visitação segue até o dia 23 de janeiro.
No centro da exposição está o uso de cloro e carvão sobre tecido de algodão. O cloro, agente branqueador associado a violências históricas, coloniais e de higienização, atua por subtração, revelando o que foi apagado. Já o carvão, matéria-prima cheia de potência, que aquece e reemite, surge como uma força que "vinga o algodão", devolvendo cor e reescrevendo a história.
Essa tensão abre camadas raciais, históricas e materiais, dialogando com o conceito físico de "corpo negro" que absorve toda radiação e só devolve luz conforme sua temperatura.
A trajetória de Marlan na dança é fundamental para entender seu gesto artístico. Seus trabalhos carregam tremores, rastros e uma coreografia que traduz um "corpo que treme antes de ser traço".
Além das obras em tecido, a exposição apresenta esculturas maleáveis feitas de mantos de cerâmica queimada interligados por fios de algodão. Funcionando como "anti-monumentos", essas peças são ativadas pelo público. Seu formato, som e temperatura mudam a cada toque, dependendo do corpo do outro para existir.
O título "C" sintetiza o arco conceitual da pesquisa, reunindo palavras-chave como Cloro, Carvão, Calor, Cor, Corpo e Combustão.