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Vida do arquiteto Wandenkolk Tinoco é resgatada em livro

Arquiteto Wandenkolk Walter Tinoco (1936-2021) imprimiu sua marca em edifícios que se destacam na paisagem do Recife

Por Andre Guerra

Wandenkolk Tinoco, em 2008

Arquiteto, professor e amante da natureza, Wandenkolk Walter Tinoco (1936-2021) imprimiu sua marca em edifícios que se destacam na paisagem do Recife. É dele o projeto do Villa Marianna, em Parnamirim, que exibe “jardins e jardineiras lineares” na fachada principal, com a proposta de aumentar o sombreamento, melhorar a ventilação e criar proteção contra a chuva.

Ele é também um dos pioneiros em prédios altos modernos na Avenida Boa Viagem, como o San Remo, o Queen Mary e o Bretanha, nos anos 1960. A trajetória pessoal e profissional desse pernambucano é narrada no livro Wandenkolk, que a Cepe Editora lança terça-feira (18/11), às 19h, na Academia Pernambucana de Letras, nas Graças, Zona Norte do Recife, e sexta-feira (21), às 19h30, na CasaCor.

O título tem coordenação editorial da arquiteta Betânia Brendle, ex-aluna e ex-estagiária do homenageado, em parceria com o arquiteto Fernando Diniz Moreira. Ao percorrer a trajetória do mestre, com textos e depoimentos de pesquisadores, o livro traz uma leitura crítica da produção arquitetônica moderna em Pernambuco, incluindo a destruição, descaracterização e o precário estado de conservação desse patrimônio.

Wandenkolk Tinoco se formou pela Escola de Belas Artes de Pernambuco, em 1958, atuou como assistente do arquiteto português Delfim Amorim (1917-1972), um de seus ex-professores, e foi docente de arquitetura na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Desde muito jovem amante da natureza, ele orientou seus projetos para captar o sol da manhã, os ventos, as brisas e a sombra da vegetação tropical do Nordeste. Sua resiliência, autoconsciência e domínio da arquitetura como disciplina lhe permitiram lidar de forma eficaz com os desafios e a pressão do mercado de trabalho e dar evasão a sua fascinante e sensual inquietação plástica, que mais que artifícios superficiais de composição, eram princípios de sua arquitetura”, declara Betânia Brendle, Professora Emérita da Universidade Federal de Sergipe e docente da Technische Hochschule Lübeck, na Alemanha.

A contribuição de Wandenkolk para o patrimônio arquitetônico moderno, de acordo com Betânia Brendle, é significativa. “Ele conjuga a exuberância plástica com o racionalismo construtivo, rejeitando enfeites e disfarces em sua Arquitetura, de expressão pura, exuberante e fiel à tectônica da verdade estrutural e dos materiais expostos. Ao mesmo tempo, sua relação simbiótica com a natureza o fez sonhar em levar para os apartamentos ‘nas alturas’, os jardins e quintais recifenses e o Villa Marianna (projetado em 1976) é a expressão mais próxima desse sonho, apesar de estar parcialmente desfigurado”, afirma.

No livro, que mostra também a transição das moradias em casas térreas para prédios de apartamentos no Recife, há textos de arquitetos e urbanistas que estudam a obra de Wandenkolk Tinoco e que pesquisam a produção arquitetônica moderna em Pernambuco. “Wandenkolk vivia e pensava a cidade, tanto é que levou os quintais das casas recifenses para os andares mais altos de seus prédios de apartamentos, uma decisão, a meu ver, extraordinária: o ponto culminante do seu trabalho de arquiteto”, ressalta