"Levo Recife na alma", diz Djavan, que inclui cidade na turnê do álbum 'Improviso'
Aos 76 anos e 50 de carreira, Djavan lança seu 26º álbum, Improviso, em que discorre sobre as diversas expressões do amor
Ao longo do tempo, a tarefa de definir o amor ocupou grandes mentes, como a dos poetas Vinicius de Moraes e Carlos Drummond de Andrade e a dos romancistas José Saramago e Gabriel García Márquez. Coube a Djavan compor um dos inventários mais completos sobre o tema em Improviso. No disco recém-lançado nas plataformas digitais, ele navega com desprendimento por 12 faixas, com a leveza de quem tem seu lugar gravado no panteão da MPB e canta sobre o amor como quem se reconhece nele.
É justamente essa intimidade com o tema que lhe permite, depois de 50 anos de carreira, ainda tratá-lo como um mistério a ser desvendado. Em Improviso, as 12 faixas autorais, sendo 11 inéditas, são novas contribuições ao vasto território de um sentimento que, ele bem sabe, é inesgotável. “O disco fala do amor em todas as direções. O que vai, o que volta, o que fica”, aponta o cantor, em entrevista exclusiva ao Viver. “Sempre retorno a esses temas porque são eles que dão movimento à vida”, argumenta.
Embora algumas canções tenham sido concluídas recentemente, o título Improviso não deve ser lido como um relato do método. A obra mira algo maior: a natureza imprevisível do amor e da vida. “É curioso usar essa palavra, ‘improviso’, para alguém que trabalha de forma tão organizada como eu. Exatamente por isso achei interessante adotá-la”, conta o artista. Um Affair abre o disco trazendo uma visão bastante libertária da relação amorosa. “Num harém, o pecado é de ninguém / Tudo é de graça / Nada se tem”, diz a letra.
Em meio a um disco que é um manifesto de novas composições, Djavan faz uma concessão movida pela saudade em O Vento, feita em parceria com Ronaldo Bastos em 1987 e imediatamente entregue a Gal Costa, sua maior intérprete (13 canções) e amiga próxima. A trágica perda de Gal, em 2022, foi o catalisador para que o cantor alagoano trouxesse de volta esta joia, pela primeira vez em sua voz. “Eu quis prestar uma homenagem neste momento. Ela faz uma falta enorme”, lamenta.
Aos 76 anos, Djavan celebra cinco décadas dedicadas à música com seu 26º álbum e a promessa de rodar o Brasil em 2026 com a turnê Djavanear. O tempo impõe suas marcas, mas o ímpeto de criar permanece intacto nele. “ A vontade de criar, de descobrir e de renovar o trabalho continua a mesma”, garante. “Tudo isso é feito com alegria, porque a música tem essa força. Não se cansa e não deixa a gente cansar. É para a vida toda”, celebra ele.