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Germana Accioly retrata Recife na perspectiva feminina em novo livro de crônicas

Jornalista e cronista Germana Accioly lança seu novo livro de crônicas, A Esperança Não Recebe Visita, em evento neste sábado, na Casa Estação da Luz

Por Allan Lopes

'A Esperança Não Recebe Visita' é o novo livro da jornalista e cronista Germana Accioly

Com a neta recém-nascida no colo, a jornalista e cronista Germana Accioly atendeu à ligação da reportagem do Viver para falar sobre o seu novo livro, A Esperança Não Recebe Visita, cujo lançamento acontece nesta sexta-feira (14), na Casa Estação da Luz, em Olinda, a partir das 19h, com sessão bate-papo. A cena, uma daquelas coincidências que parecem combinadas, era um preâmbulo perfeito para a obra, que navega pelo universo feminino dentro do Recife abordando temas como maternidade e menopausa.


Nesta que é sua segunda publicação individual, a autora explora os meandros da mulher contemporânea a partir de crônicas escritas ao longo dos últimos quatro anos, construindo um retrato no qual, sem perder a intimidade, alcança uma dimensão universal. “Falar de si é um ato coletivo também”, observa Germana. Para ela, a literatura é essa ferramenta poderosa de identificação, na qual uma mulher se enxerga na história da outra. “É muito simbólico que nós sigamos ligadas pelo cordão das escritoras, falando sobre a vida na nossa ética”, reflete.


A Esperança Não Recebe Visita é um título retirado de uma das crônicas, mas sua raiz mais profunda está no passado recente da pandemia, quando ninguém recebia visitas — muito menos a esperança, em meio a um período tão sombrio. Na visão de Germana, no entanto, não é um sentimento a ser visitado, mas que vai ao encontro das mulheres. “Apesar de as crônicas falarem de temas às vezes difíceis, como o envelhecimento da mulher e o feminismo, (o título) fala muito sobre essa eterna tentativa de recomeçar”, diz a escritora.


Primeira pernambucana de uma família de cearenses, Germana se declara uma recifense adotiva. Dessa forma, ao narrar suas experiências pessoais, ela naturalmente explora também as camadas de ser uma mulher nesta cidade. “Em uma crônica ou outra, eu falo também dessa brincadeira, do mangue com a duna do Ceará que traz a minha ancestralidade”, conta. O carnaval, que ela considera ser como o seu Natal pessoal, também se tornou tema dos seus textos. “Tem até uma crônica em que eu digo: ‘nunca fundei um bloco, nunca carreguei um estandarte, mas sou uma carnavalesca de corpo inteiro’” destaca.


Germana é formada em Jornalismo pela UFPE, com especialização em Política e Representação Parlamentar e em Política e Cultura. Para ela, essa formação é indissociável da escrita. Mesmo ao compor um livro de crônicas, pratica um ato político. “Quando você registra o seu olhar, suas impressões, suas opiniões, de alguma forma está pensando politicamente o seu lugar naquele espaço”, explica


Recife, cidade profundamente poética, oferece um palco privilegiado para esse registro. Nele, as oportunidades para narrar histórias e experienciar a política no cotidiano são infinitas. “Eu tenho essa alegria de olhar pra minha cidade, enxergar o que há de bom e de ruim nela, mas também conseguir fazer dela poesia”, celebra. Ao ler A Esperança Não Recebe Visita, o resultado é embarcar em uma caminhada íntima pelo Recife, ao lado de Germana e de todas as mulheres que dão vida à cidade.