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Festival em comemoração aos 80 anos do Mestre Salustiano terá cinco dias de programação

Com incentivo da PNAB, a 12ª edição do Azougue Festival presta uma homenagem ao legado de Mestre Salu, artista que revelou a cultura popular pernambucana ao mundo e influenciou outras gerações da música

Por Diario de Pernambuco

Mestre Salustiano foi fundador do Cavalo Marinho Boi Matuto, do Mamulengo Alegre e do Maracatu Piaba de Ouro, além de ser um dos articuladores do Encontro de Maracatus Rurais e das celebrações na Casa da Rabeca

O Azougue Festival celebra os 80 anos de Mestre Salustiano e reafirma legado da cultura popular pernambucana. A 12ª edição do evento será realizada a partir desta quarta-feira (12) e segue até o domingo (16), nas cidades de Olinda e do Recife, com programação gratuita dedicada ao nascimento do Mestre Salustiano (1945–2008). Figura central da cultura popular nordestina, Mestre Salu, como era conhecido, é uma figura reconhecida como patrono da tradição raiz no estado.

nesta edição especial, o Azougue Festival assume o tema “Salú 80" como afirmação de continuidade. A abertura acontece na quinta-feira (12), data do aniversário do mestre, com vivência cultural para estudantes na Casa da Rabeca e sessão solene na Assembleia Legislativa de Pernambuco, onde será apresentado o Projeto de Lei que propõe o Dia Estadual da Cultura Popular. 

Na sexta-feira (13), acontecem oficinas de Cavalo Marinho e Rabeca, conduzidas pela Família Salustiano. No sábado (14), ocorre a Ação Griô em escolas públicas de Olinda. 

No sábado à noite (15), a Casa da Rabeca recebe a grande festa com apresentações da Família Salustiano, Maciel Salú, Geo Salu, Maracatu Piaba de Ouro, Cavalo Marinho Boi Matuto de Olinda, Quadrilha Raio de Sol, projeções visuais de Toni Braga e Som na Rural. 

O encerramento será no domingo (16), com o Cine Azougue, no Cinema São Luiz, reunindo documentários e videoclipes que aproximam a trajetória do mestre às expressões contemporâneas.

Para Maciel Salú, um dos filhos do homenageado, e atualmente, músico, rabequeiro e diretor do festival, celebrar os 80 anos de seu pai, Salustiano, é reafirmar a continuidade da memória e da presença do mestre no tempo.

“Mestre Salustiano foi além de um artista. Foi ponte entre mundos, abriu caminhos para que a cultura popular fosse reconhecida como fundamento de identidade, como força criativa e como política de vida. O Azougue existe para garantir que essa tradição siga pulsando, transformando e inspirando” destacou.

O festival é realizado com incentivo da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), através do Governo do Estado de Pernambuco, Secretaria de Cultura de Pernambuco, Ministério da Cultura e Governo Federal, com realização da Grão – Comunicação e Cultura, Casa Azougue e Maciel Salú.

Vida e história do Mestre Salustiano

A trajetória de Mestre Salustiano dentro da tradição popular foi construída por sua participação como rabequeiro, mestre de cavalo marinho, brincante de maracatu rural e fundador da Casa da Rabeca, sediada em Olinda.

Ao longo de sua vida, ele consolidou-se como um movimento de preservação e valorização à cultura afro-brasileira. Além disso, contribuiu de forma artística e histórica no universo das novas gerações de músicos, comunidades culturais e estudiosos. 

Ainda menino, aos sete anos, Salustiano já brincava no cavalo-marinho pelos engenhos de Aliança, na Zona da Mata Norte de Pernambuco. Cresceu experimentando o universo dos folguedos. Sua alegria e diversão foi se vestir e brincar dos personagens que fazem parte do folguedo, como arriquim, galante, cantador de toada, mateus, até tornar-se mestre. 

Seu pai, João Salustiano, era tocador de rabeca e foi com ele que aprendeu o instrumento. A infância foi marcada por uma convivência direta com ciranda, coco, maracatu, mamulengo, forró e improviso de viola. Estudou até a 4ª série primária, trabalhou como doméstico, vendedor de sorvete e ambulante. Costumava dizer que foi, durante muitos anos, o maior dançador de cavalo-marinho, e nos versos de maracatu inspirava-se no mestre Antônio Baracho. 

Em 1965, mudou-se para Olinda e passou a tocar rabeca profissionalmente, dominando também a luteria, construindo os próprios instrumentos. Na década de 1970, sua arte alcança maior visibilidade e, em 1977, participa de comercial de televisão. Em 1989, é entrevistado no programa Som Brasil, ampliando sua projeção nacional. 

Passou a viajar pelo país e pelo mundo, representando a cultura popular em Cuba, Bolívia, França e Estados Unidos. Recebeu o título de Reconhecido Saber pelo Conselho Estadual de Cultura em 1990 e o título de Doutor Honoris Causa pela UFPE, além de ser condecorado Comendador da Ordem do Mérito Cultural pela Presidência da República em 2001. 

Ao longo da vida, manteve a família como núcleo de transmissão do conhecimento e da prática cultural. Foi fundador do Cavalo Marinho Boi Matuto, do Mamulengo Alegre e do Maracatu Piaba de Ouro, além de ser um dos articuladores do Encontro de Maracatus Rurais e das celebrações na Casa da Rabeca.