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Planet Hemp se despede com show histórico no Classic Hall

Após 30 anos de show histórico Abril Pro Rock, Planet Hemp faz última apresentação em Pernambuco neste sábado, no Classic Hall

Por Allan Lopes

Em 8 de abril de 1995, os membros do Planet Hemp descobriram o encarte do álbum Usuário – que, mais tarde, se tornaria um dos pilares de seu repertório – nos instantes que antecederam sua participação no Abril Pro Rock, no Recife, como atração de abertura do show de Chico Science & Nação Zumbi. Três décadas depois, neste sábado, às 20h, no Classic Hall, em Olinda, a Nação devolve a honra ao lhes passar a chave do palco na emocionante despedida do grupo carioca em solo pernambucano, perante o público que sempre acompanhou essa história.

Um reencontro tão significativo não poderia ficar pelo caminho. O adiamento anterior, motivado por questões logísticas que impediram a realização do show em 20 de setembro, foi profundamente lamentado. A nova data, assim, surgiu como um suspiro de alívio. Afinal, como imaginar o adeus do Planet Hemp sem que incluísse um último abraço dos fãs daqui?

Com a presença da Nação Zumbi, até superou as expectativas iniciais. “Pernambuco foi essencial para nossas vidas, não só como Planet Hemp, mas como artistas”, diz o vocalista Marcelo D2, em conversa exclusiva com o Viver.

Na formação atual, D2 divide o palco com BNegão (vocal), Formigão (baixo), Nobru (guitarra), Pedro Garcia (bateria) e Daniel Ganjaman (guitarra e teclados). Entre todos, é compartilhado o sentimento de dever cumprido, cientes de que o ciclo do grupo havia chegado ao fim, mesmo levando dois prêmios no Grammy Latino 2023.

“Estamos no nosso momento mais sóbrio de convivência. A gente já brigou, se amou, se odiou… fez tudo o que amigos fazem”, conta BNegão. “Ter feito um projeto com eles é um privilégio imenso. Sair com tudo em paz é muito legal”, celebra.

Para fazer jus a uma trajetória que redesenhou o cenário musical brasileiro com sua fusão ousada de rap, rock e política, a montagem do repertório de despedida foi tarefa das mais complexas. Somando sete álbuns de estúdio e inúmeros sucessos, a solução foi esticar o show para mais de 2h de muita festa e emoção, garantindo que cada fase da banda seja devidamente celebrada. “Vai ser o show do ano, porque a gente tá com sangue no olho”, antecipa D2, sabendo da euforia que clássicos como Zerovinteum, Legalize Já e Mantenha o Respeito vão provocar.

O clima já começa a ferver no caldeirão da Nação Zumbi, que fará muito mais do que um esquenta. Como testemunha e parte do legado do Planet Hemp, traz todo o poder de Da Lama ao Caos para preparar o terreno dessa despedida histórica. “Vai com roupa confortável, hidratado, porque o couro vai comer. É o treino da semana para a galera do crossfit”, brinca BNegão.

Então tem um show bem longo, assim, bem... A gente quis fazer essa coisa da tensão e relaxamento, né, cara? Então o show tem seus altos, tem seus momentos que acalmam um pouco e tal, mas é um show que vai contar a nossa história, cara. Então é preparado, mano. Ainda mais nesse que ainda tem a Nação antes, né?

Apesar dos rumos solo – seja Marcelo D2 no universo do Novo Samba Tradicional, seja BNegão na turnê do seu primeiro álbum, Metamorfoses, Riddims e Afins —, uma certeza permanece: o Planet Hemp nunca deixará de existir. Os discos continuam tocando, os clipes rodando e a história, longe de se apagar, se renova a cada nova geração que descobre a força atemporal de seu legado.