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Estrela de 'Tom na Fazenda', Armando Babaioff diz: "Nós, pernambucanos, somos maravilhosos"

Com premiações e reconhecimento internacional, o espetáculo Tom na Fazenda, estrelado pelo recifense Armando Babaioff, será apresentado em três sessões no Teatro Luiz Mendonça

Por Allan Lopes

Ator recifense Armando Babaioff

Há oito anos circulando pelo Brasil e pelo mundo com o espetáculo Tom na Fazenda, o ator recifense Armando Babaioff traz a peça de volta ao lugar que carrega no coração. Consagrada por um punhado de prêmios e com o status de fenômeno global, a montagem se apresenta mais madura nesta terceira passagem pela cidade, embora mantenha intacta sua estrutura original. As sessões acontecem no Teatro Luiz Mendonça, nesta sexta (7) e sábado (8), às 20h, e no domingo (9), às 19h.


Sob a direção de Adriano Portella, a obra é um ato de resistência, que se afirma tanto por sua longevidade — um feito e tanto no teatro brasileiro — quanto pela discussão urgente que sua temática propõe. A história, originalmente escrita pelo canadense Michel Marc Bouchard em 2009, e depois levada aos cinemas em 2013 por Xavier Dolan, destrincha os acontecimentos que sucedem a ida do protagonista, o publicitário Tom, à fazenda da família do seu falecido companheiro. Em uma tentativa de comparecer ao funeral, ele aterrissa em um universo rural e conservador, diante de uma realidade da qual não tinha conhecimento: sua sogra não sabe da sua existência, tampouco da sexualidade do filho.


Para Armando Babaioff, que está no teatro desde os 11 anos, mergulhar nessa jornada tornou-se mais do que um papel. Elegendo a peça como o maior projeto da sua vida, o ator encontrou em Tom na Fazenda uma forma de insistir e persistir. “Não é só entretenimento. É um movimento. Eu acredito que o teatro tem que ser tratado dessa forma”, crava o ator, que leva para os palcos a mesma seriedade que consagrou sua trajetória na TV, em sucessos como Sangue Bom, Bom Sucesso e Dona de Mim.


A peça carrega ainda o peso simbólico de o reconectar com suas raízes, afinal, foi com ela que ele se apresentou pela primeira vez em nossos palcos. Filho de cariocas, o que o fez recifense foi o deseja da mãe, Maria Ignez, de ter os filhos na cidade. “Minha memória afetiva, auditiva e olfativa são pernambucanas. A lembrança mais antiga de cheiro que tenho é do sargaço”, confessa. Para a nova temporada, ele não pensa em outra coisa (além de brilhar em cena, claro): matar a saudade da macaxeira e da carne de sol.

Essa forte identidade se manifesta também em sua visão de teatro. Em meio a tantas exportações de peças com atores globais para cá, o ator faz questão de valorizar os coletivos locais, como o Grupo Magiluth, um dos mais reconhecidos do teatro nacional contemporâneo. “É um modelo de se pensar teatro, de empreender, de forma parecida com a minha”, reflete. E arremata: “O que vem de fora é tão bem recebido porque o público é formado e crítico. Nós, pernambucanos, somos maravilhosos”.

E talvez seja aí onde mora o segredo do sucesso duradouro de Tom na Fazenda. “Recife, pela história e pelo povo, é um lugar onde posso voltar com o espetáculo vinte vezes que sempre haverá público. A cidade tem uma cultura estabelecida e orgulho da própria cultura, antes de mais nada”, afirma Babaioff, que ajuda a alimentar e renovar esse orgulho.