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Livro analisa a história da Faculdade de Direito do Recife

Pesquisa esmiúça tradição historiográfica de uma das primeiras faculdades de direito do Brasil

Por Allan Lopes

André Melo Gomes Pereira, autor da publicação

Ao longo de sua existência quase bicentenária, a Faculdade de Direito do Recife (FDR) é objeto de investigação e reflexão de diversos autores, seja em periódicos, artigos ou livros. Analisar como a história da faculdade foi escrita é a proposta do livro “Uma história das histórias da Faculdade de Direito do Recife: no bicentenário dos cursos jurídicos no Brasil”, que será lançado na próxima quinta-feira (6), às 19h, no Espaço Memória da própria faculdade, pelo professor e juiz André Melo Gomes Pereira.

Pernambucano radicado no Rio Grande do Norte, o ex-aluno da graduação e mestrado na “Casa de Tobias”, como a faculdade é chamada, retorna à FDR para lançar a obra, fruto da sua tese de doutorado em Direito, Estado e Constituição pela Universidade de Brasília (UnB). O lançamento contará com apresentação do livro pelo professor George Galindo, orientador da tese.

Na publicação, o autor analisa os principais trabalhos sobre a FDR produzidos por nove professores: Phaelante da Câmara, Odilon Nestor, Clóvis Beviláqua, Vamireh Chacon, Nelson Saldanha, Nilo Pereira, Gláucio Veiga, Pinto Ferreira e João Maurício Adeodato. André Melo investiga o contexto e a repercussão das obras e as circunstâncias e intenções dos professores ao escrevê-las. Para isso, além dos próprios textos, debruçou-se também sobre um vasto conjunto de documentos, dossiês, atas de defesa de teses, de concursos e provas no Arquivo da FDR e na seção de obras raras da Biblioteca da faculdade.

“A análise permite uma visão da cultura jurídica brasileira, notadamente como o próprio campo jurídico se autocompreende historicamente por meio do exemplo eloquente de uma das duas primeiras faculdades de direito do Brasil e daquela que mais esforço empreendeu para escrever a sua própria história”, afirma André Melo, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Segundo ele, os autores analisados contribuíram de forma relevante, cada um a seu tempo, para a construção da visão interna e externa sobre a FDR, desde a memória histórica de Phaelante da Camara, em 1904, até os trabalhos contemporâneos sobre retórica e história das ideias de João Maurício Adeodato.

Publicado pela Editora da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), o livro esmiúça a tradição historiográfica na FDR. “A história está presente na faculdade em três perspectivas: produção de investigações de temas históricos em geral por professores, alunos e egressos; produção específica sobre história do direito; e produção de textos, livros e artigos sobre a história da FDR, incluindo crônicas e memórias”, detalha André Melo, que integra a comissão de organização das festividades dos 200 anos da Faculdade de Direito do Recife, hoje Centro de Ciências Jurídicas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Desde a graduação, André Melo cultiva interesse pelos aspectos históricos da FDR, tendo participado do Departamento de Pesquisa Histórica do Diretório Acadêmico de Direito, que contribuiu para a restauração e reabertura da Sala Museu, no aniversário de 170 anos da faculdade. Também integrou o Núcleo de Estudos Acadêmicos e os grupos responsáveis pela edição dos periódicos “Estudantes - Caderno Acadêmico” e “Ideia Nova”.

No prefácio do livro, o professor George Galindo, da UnB, afirma que a “obra é uma porta aberta para diversos futuros possíveis sobre como conceber a cultura jurídica brasileira”. “Uma história das histórias de uma instituição, ainda mais quando se trata daquela relativa à Faculdade de Direito que, junto a de São Paulo, inaugurou, ao menos de uma maneira sistematizada, a educação jurídica no país, distorce para revelar o que é o próprio Brasil. O autor parece que bem sabe disso. Por isso insere sua obra no âmbito mais amplo da formação da cultura jurídica brasileira”, escreve o orientador da tese.

O caráter original do trabalho foi ressaltado pela banca examinadora da tese, formada pelos professores Vamireh Chacon, Torquato de Castro Júnior, Márcio Iorio Aranha, Marcelo Casseb Continentino e George Galindo.


BICENTENÁRIO

O lançamento do livro sobre a historiografia da FDR se insere na programação preparatória às comemorações do bicentenário dos cursos jurídicos, a ser celebrado em 2027. Os primeiros cursos jurídicos do Brasil, em Olinda e São Paulo, foram instituídos por Dom Pedro I em decreto imperial de 11 de agosto de 1827. Inicialmente funcionaram em instituições religiosas: o Mosteiro de São Bento, em Olinda, e o Convento de São Francisco, em São Paulo. Em Pernambuco, foi transferido em 1854 para a capital, passando a se chamar Faculdade de Direito do Recife. Funcionou na Rua do Hospício, na Boa Vista, e, em 1912, transferiu-se para sede própria no mesmo bairro, o imponente edifício onde funciona desde então. Em 1946, foi incorporada à Universidade do Recife, transformada em Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) em 1967.


AUTOR

André Melo Gomes Pereira, nascido no Recife, é bacharel em Direito e mestre em Direito Público pela Faculdade de Direito do Recife/UFPE e doutor em Direito, Estado e Constituição pela UnB. É professor adjunto no curso de Direito da UFRN-Campus Caicó, onde leciona diversas disciplinas, entre elas Direito Processual Civil e História do Direito. É juiz de direito titular da Entrância Final junto ao Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte (TJRN), com atuação em várias comarcas.


Serviço:

Lançamento do livro “Uma história das histórias da Faculdade de Direito do Recife: no bicentenário dos cursos jurídicos no Brasil”, Editora UEPB, 568 páginas.

Data: 06/11/2025

Horário: 19h

Local: Espaço Memória da Faculdade de Direito do Recife (FDR/UFPE) - Praça Adolfo Cirne, s/n - Boa Vista - Recife-PE