'Reencarne', nova série do Globoplay, mostra Cerrado como palco de mistério sobrenatural
'Reencarne' utiliza locações reais e elementos da cultura local para construir uma atmosfera única e autenticamente nacional
O cerrado brasileiro, com sua beleza áspera e sua imensidão silenciosa, esconde mistérios que vão muito além do que os olhos podem ver. É nesse território simbólico e real que Reencarne, nova série do Globoplay, constrói sua narrativa de terror, suspense e drama existencial, criando uma vertente inédita e genuinamente nacional: o "terror sertanejo". Os nove episódios da produção, que passou pelo Festival de Berlim, já estão disponíveis na plataforma.
A expressão, cunhada pelo criador Juan Julian, vai muito além de um simples trocadilho. Na verdade, representa a estratégia de ancorar as tensões e medos universais do terror no cerrado goiano, um solo cultural específico e inexplorado. A paisagem árida, os vastos horizontes e a solidão do interior deixam de ser pano de fundo para se tornarem personagens ativos na trama.
“No terror folclórico que atravessamos na série, tudo é quente, árido, marcado por tons de vermelho. Essa atmosfera guia a narrativa”, esclarece o diretor artístico Bruno Safadi. Na criação, o projeto também reúne nomes como Amanda Jordão, Elisio Lopes Jr., Flávia Lacerda, Juan Jullian e Igor Verde, com produção criativa da pernambucana Isabela Bellenzani.
A história gira em torno de Túlio (Welket Bungué), ex-policial que sai da prisão após 20 anos, condenado pela morte de seu melhor amigo, Caio (Pedro Caetano). Sua vida muda radicalmente quando Sandra (Julia Dalavia) aparece dizendo ser a reencarnação de Caio. Enquanto isso, o cirurgião Feliciano (Enrique Diaz) ultrapassa todos os limites para salvar sua esposa doente, e a delegada Bárbara Lopes (Taís Araújo) investiga uma série de assassinatos marcados por ferimentos misteriosos.
Chefe da Divisão de Homicídios de Goiânia, a delegada Lopes é uma mulher cética e dedicada à carreira, que vê sua vida pessoal e familiar ser invadida por fenômenos inexplicáveis. Conhecida do grande público por seus sucessos em novelas como Xica da Silva e Da Cor do Pecado, Taís Araújo aqui experimenta o terror pela primeira vez na carreira. “Olhar para mim como uma atriz que pode servir a todos os gêneros me deixou muito seduzida”, explica a carioca em coletiva de imprensa, que contou com a presença do Viver.
A brasilidade da série se reflete em um elenco que espelha a diversidade do país. Exemplo disso é a participação do luso-guineense Welket Bungué, recentemente destaque em Pssica, expandindo sua atuação em projetos nacionais para além do eixo Rio-SP. “Eu tive que lidar com as líricas do sertanejo, que eram desconhecidas para mim. Descobri um Brasil e um território que eu não conhecia”, relata Welket. Outra presença internacional é da portuguesa Isabél Zuaa, que também aparece em O Agente Secreto
Entre o mundo físico e o espiritual, Reencarne desenvolve sua trama colocando em cheque as noções mais fundamentais da identidade. A produção navega pelos limites tênues entre vida e morte, bem e mal, desejo e redenção, para questionar: o que nos define? Uma jornada que, ao questionar os alicerces da identidade, convida o espectador a confrontar seus próprios limites entre o que é humano, divino e, talvez, algo além de ambos.