Bruce Gomlevsky vive Raul Seixas em musical no Teatro RioMar Recife
Ator Bruce Gomlevsky dá vida à lenda Raul Seixas em musical que desembarca no Teatro RioMar Recife, neste sábado, às 21h
A ordem é clara e tornou-se um fenômeno cultural: "Toca Raul!". Nos quatro cantos do país, em todo tipo de evento, a voz do povo pede pelo som de Raul Seixas. Se em qualquer lugar esse brado já é potente, imagine o que será no ambiente perfeito para ele. Neste sábado, às 21h, o Teatro RioMar Recife se transforma no santuário rauliano com Raul Seixas, O Musical em sessão única. Protagonizado pelo ator Bruce Gomlevsky, o espetáculo é uma viagem uma chave para desvendar os mistérios da mente brilhante e inquieta desse poeta eternamente inconformado.
Para isso, a narrativa adota um tom confessional e emocionalmente intenso, convidando o público a adentrar os bastidores da própria alma de Raul. A imersão é tão fiel que o texto, concebido pelo diretor Leonardo da Selva, é integralmente costurado a partir do Baú do Raul — acervo que reúne falas, entrevistas e escritos pessoais do artista. Dessa forma, através de suas próprias canções e reflexões sobre liberdade, arte e sociedade, o musical recria a sensação vertiginosa de uma noite insone ao lado do cantor baiano.
A grande revelação por trás dessa representação vem de seu protagonista. Bruce Gomlevsky, maluco beleza de carteirinha, imergiu de tal forma na mente do ídolo que saiu dessa experiência com uma certeza: a de que Raul, mais que um artista genial, era um pensador contemporâneo. “Poder dar voz a essas palavras é uma enorme satisfação para mim como ator”, celebra ele, em conversa com o Viver. Bruce foi premiado por sua interpretação no Prêmio FITA 2024 e indicado na edição deste ano.
O espetáculo acelera o coração do público com uma setlist irreparável de 21 canções. De Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás na abertura, a um arrebatador Canto Para Minha Morte no final, o musical passa por clássicos absolutos como Sociedade Alternativa, Metamorfose Ambulante, Ouro de Tolo e Guita. A sucessão de hits é tão eletrizante que exige fôlego de aço do próprio Bruce em cena. “É um grande desafio, que me exige muito tanto vocal quanto fisicamente. É, de certa forma, um espetáculo atlético”, conta.
O ator carioca, que já havia conquistado crítica e público ao encarnar outro ícone da música brasileira, Renato Russo, especializou-se em dar vida a gênios complexos e amados. “Cada um foi influente em seu tempo, com estéticas diferentes, mas ambos se destacam como letristas, pensadores e por conseguirem combinar excelência artística com popularidade”, analisa Bruce, que ainda situa o baiano na vanguarda artística. “Não existiria Renato sem Raul, que foi um precursor, um pioneiro”.
Ao transmitir esse legado com tanta clareza e paixão, o musical cumpre seu papel maior. Mais do que entreter, ao final da noite, quando sair do teatro, o público terá a convicção de que a música brasileira é privilegiada por ter um Raul nela. “Ele refletiu sobre o Brasil, ética, cultura, relações humanas, política, amizade e amor. Arriscaria até dizer que ele foi um grande filósofo”, diz. Quando as cortinas se fecharem, não será um adeus, mas um “até já” para um maluco beleza que nunca se foi.