Em 'Ruas da Glória', bairro carioca é cenário de uma paixão obsessiva
Exibido na 49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, o romance 'Ruas da Glória' é protagonizado pelo ator pernambucano Caio Macedo
Fugindo com as cinzas da avó, Gabriel (vivido pelo pernambucano Caio Macedo) muda-se para o Rio de Janeiro, numa tentativa também de recomeçar longe da família abastada. Em uma casa de festas, um dia, ele conhece Adriano (Alejandro Claveaux), um garoto de programa uruguaio por quem se apaixona perdidamente. Quando o rapaz misterioso desaparece e quase ninguém parece ter qualquer pista, o jovem se desespera — e o que era paixão transforma-se em obsessão.
Premiado no 27º Festival do Rio nas categorias de Melhor Ator Coadjuvante (Alejandro Claveaux) e Melhor Atriz Coadjuvante (Diva Menner), e agora exibido na 49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, Ruas da Glória é uma história de forasteiros tentando se encontrar no mundo. As primeiras cenas são uma ode ao bairro carioca em que a narrativa se passa e, simultaneamente, um olhar melancólico e saudoso sobre o que a região já foi.
Com uma sexualidade à flor da pele e frequentemente exasperante, o filme — segundo longa dirigido por Felipe Sholl (Fala Comigo) — mergulha de maneira pulsante e colorida na vida desses personagens. A fotografia e a trilha sonora, sobretudo no primeiro ato, refletem tanto a promessa de um grande romance à primeira vista quanto a sensação de alerta de que tudo, a qualquer momento, pode ruir rio abaixo.
Caio Macedo, que vem se destacando como coadjuvante em filmes muito distintos — como Pedágio, de Carolina Markowicz, e Prédio Vazio, de Rodrigo Aragão —, empresta novamente sua prosódia pernambucana e expressividade notável, mas, desta vez, para um papel divisor de águas. Personagem intenso, que atravessa uma jornada emocional e física repleta de extremos, Gabriel representou um desafio para o ator desde o primeiro momento.
“Felipe lançou uma chamada para o Brasil todo durante o processo de seleção. Passei por muitos meses de testes, em encontros online e presenciais, e estava muito ansioso”, revela o ator em entrevista exclusiva ao Viver. “Foram feitas várias peneiras em Ruas da Glória, inclusive para que fosse criada uma boa química no casal principal. Houve testes com vários outros atores até que fosse escolhido quem seria o Adriano também. E, pelas reações das pessoas, vejo que o resultado ficou realmente muito forte”.
Caio destaca ainda o orgulho de ser um ator pernambucano crescendo em um momento tão marcante para o cinema do estado. “Esse auge que a gente está vivendo é fruto do trabalho extraordinário de muita gente maravilhosa. Todo o audiovisual nordestino ainda ocupa, sim, um lugar de regionalidade muito forte, mas estamos conseguindo, pouco a pouco, ascender e demonstrar para o Brasil e para o mundo que não há cinema mais autoral no país do que aquele que se faz na nossa região, sobretudo em Pernambuco”, reafirma o ator.