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Legado de José Pimentel e Aurides Pimentel segue vivo

A influência do ator José Pimentel, nos palcos, e de Aurides Pimentel, no jornalismo, segue viva no cotidiano do empresário Leo Pimentel

Por Allan Lopes

José Pimentel e Aurides Pimentel são tios de Leo

O saudoso ator José Pimentel foi um homem do teatro, mas também atuou como escritor, jornalista, professor universitário e apresentador de TV. Em cada uma dessas frentes, encarnou a cultura pernambucana com uma devoção que atravessou gerações e firmou seu legado, que, longe de se restringir ao sobrenome, tornou-se patrimônio coletivo. Ainda assim, no âmbito familiar, coube a seu sobrinho Leo herdar a inspiração para mover a cena artística por trás dos holofotes.

Sua relação com a arte, no entanto, começou muito antes, ainda na infância. Criado em um ambiente sonoro privilegiado, Leo tinha o pai, o jornalista Aurides Pimentel, que nos deixou no último 27 de julho, como seu primeiro curador. A rotina da casa era marcada pela chegada diária de LPs enviados pelas gravadoras, para que Aurides pudesse escrever suas críticas e artigos. Dessa convivência nasceu um ouvido afiado que acaba orientando suas escolhas profissionais.

Enquanto o pai lhe apresentava o universo sonoro, José Pimentel lhe revelava a magia dos palcos. O ator representou essa outra face da arte na formação de Leo. “Ele me mostrou que artista e produtor não vivem apenas dos aplausos, mas do propósito, do amor à cultura e do respeito ao público”, reflete o empresário sobre as lembranças que guarda das noites em que viu o tio interpretando Jesus, sendo 21 vezes na Paixão de Cristo do Recife e outros 19 em Nova Jerusalém. “A entrega dele era tão genuína que esquecíamos o ator e enxergávamos apenas a fé e o sentimento”, garante.

O contato com esses dois mundos, o cênico e o musical, ajudou a moldar sua visão de negócios, que desde cedo encontrou desafios inusitados pelo caminho. Entre seus primeiros clientes estava a banda Red Dance, que acabou sendo encerrada pela esposa por ciúme das dançarinas. “Comecei a montar outras bandas, e, com a entrada do dinheiro, o ciúme foi desaparecendo”, brinca Leo, revelando como contornou o impasse.

Na atual leva de artistas sob sua gestão, destacam-se a dupla Mari e Rayane, Kelly Olliveira, a banda Sentimentos e o grupo Trimanos Brasil, formado por três irmãos paraenses. “O talento eu já conhecia pela internet, mas presenciar de perto a humildade daquela família foi o que realmente me motivou”, conta. Buscando repetir o fenômeno de artistas de Belém que conquistaram o país a partir do Recife, como Beto Barbosa e Banda Calypso, Leo trouxe o grupo para morar na cidade, transformando-a, mais uma vez, em trampolim para o reconhecimento nacional.


“O público busca o que é mais próximo culturalmente e artistas nordestinos e nortistas têm conseguido mais visibilidade digital”, diz ele, que mantém viva uma lição que vem do tempo em que via o tio José Pimentel nos palcos: a de que a cultura, antes de ser negócio,épatrimônio.