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Dia do Frevo: O Menino da Tarde e A Vaidosa celebram noivado no Recife

Com cortejo feito pelas orquestras dos maestros Oséas e Carlos, noivado dos bonecos gigantes acontece no Paço do Frevo, a partir das 15h.

Por Camila Estephania

A Vaidosa foi pedida em namoro pelo Menino da Tarde durante uma das prévias da boneca em dezembro de 2024.

Quem disse que amor de Carnaval não sobe a serra, ou melhor, as ladeiras? Em Olinda, o caso mais célebre que contraria esse ditado popular é o romance entre os gigantes Homem da Meia-Noite e Mulher do Dia, que se casaram em 1990. Filho do casal, o boneco O Menino da Tarde segue os passos dos pais neste domingo, quando fica oficialmente noivo d’A Vaidosa.

O evento é promovido pelo Paço do Frevo para comemorar o Dia Nacional do Frevo, celebrado neste domingo, 14 de setembro. A festa começa às 15h e conta com cortejo feito pelas orquestras dos maestros Oséas e Carlos.

“As pessoas abraçaram esse relacionamento. O público já dizia que o Menino estava precisando de uma namorada e A Vaidosa encantou ele com sua modernidade, suas roupas, sua sensualidade”, comenta o presidente d’ O Menino da Tarde, Sanderlan Menezes, mais conhecido como Binho.

De acordo com o presidente e fundador d’A Vaidosa, Edmilson Nascimento, tudo começou na Frevodrilha, durante o São João de 2024. Ele lembra que a produtora Maria Flor notou uma troca de olhares entre a boneca e O Menino da Tarde e, a partir de então, o romance passou a ser considerado pelas duas agremiações.

O passo seguinte veio em dezembro de 2024, quando O Menino participou de uma das prévias d’A Vaidosa para pedi-la em namoro. Depois do primeiro “sim”, ele também esteve no desfile oficial da boneca durante o Carnaval. Com o noivado, Binho acredita que as aparições do gigante ao lado da amada podem aumentar.

Contudo, os presidentes das agremiações adiantam que a união não deve interferir na identidade dos dois bonecos. “O fato d’A Vaidosa ter um noivo não significa que ela será submissa, ela vai continuar sendo uma mulher livre e independente, como as pessoas a veem”, diz Edmilson.

Boa fase

O noivado dos dois bonecos ainda pode se tornar um casamento futuramente, rendendo novos capítulos para o enlace. “O importante para a gente neste momento é criar histórias com eles e engajar as pessoas para brincar com esse namoro e vê-los como personagens reais”, esclarece Edmilson.

Além do episódio, as histórias individuais dos dois bonecos já vinham despertando cada vez mais interesse dos foliões. Binho explica que, desde que O Menino da Tarde passou a homenagear personalidades e a adotar temas a cada ano, mais gente passou a se identificar com o boneco e a segui-lo.

“Deixamos o cortejo mais cultural, com mais personagens, Caboclos de Lança, ala infantil. O Carnaval de Olinda em si também cresceu muito e chegou a um público que abraça muito as agremiações. A gente tenta deixar mais profissional a cada ano”, analisa as mudanças.

Criado pelo artista plástico Silvio Botelho em 1974, o Menino foi o terceiro boneco gigante de Olinda. Antes dele, existiam apenas os seus pais: o Homem da Meia-Noite, fundado em 1932, e a Mulher do Dia, fundada em 1967. Porém, o bloco se tornou especialmente popular somente nos últimos dez anos.

Representatividade

Nesse mesmo período, A Vaidosa também vem crescendo gradativamente. Edmilson lembra de alguns marcos que alavancaram a fama da boneca, como a chegada da Orquestra do Maestro Oséas, a partir dos desfiles de 2017, e a mudança do cortejo para o Sítio Histórico de Olinda, a partir de 2019.

Antes, a gigante desfilava pelos subúrbios da cidade desde 1996. Segundo o fundador, a boneca havia sido criada simplesmente com a proposta de animar os arredores do bairro do Monte, mas logo foi ganhando vida própria. “Diziam que ela parecia independente pela maneira de se vestir, achavam a roupa estilosa, gostavam do piercing na barriga de fora, o top decotado”, recorda.

“Hoje em dia, as mulheres se sentem A Vaidosa e ela também é meio que todas as mulheres”, relata Edmilson, a partir do que ouve das foliãs. O carnavalesco observa que, depois dela, várias outras bonecas surgiram em Olinda. “Acho que é maravilhoso para as mulheres, elas dizem que se sentem representadas”, conclui.